Unidade histórica da esquerda esmaga o PSDB na USPEntre os dias 27 e 29 de março, ocorreram as eleições para o Diretório Central dos Estudantes da USP. Com a participação histórica de 13.134 votantes, o resultado foi claro: o DCE é dos estudantes e deve seguir na luta contra a ditadura da reitoria e do PSDB na universidade!

Ataques da reitoria e as respostas do movimento
Desde que assumiu o posto de Reitor, em 2010, João Grandino Rodas mostrou a que veio. Determinado em seu plano de privatização da USP, incentivou a abertura de cursos pagos, tentou fechar vagas e cursos de baixo interesse mercadológico, investiu em prédios e projetos voltados para empresas privadas, enquanto em nada avançou na solução dos problemas da universidade (contratação de professores, construção e reforma de prédios didáticos e restaurantes universitários, abertura de vagas na moradia estudantil e creches universitárias, entre outros).

Rodas iniciou uma verdadeira guerra contra o movimento de resistência na universidade. Abriu processos contra o sindicato dos trabalhadores, ameaçando seus diretores de demissão, investiu contra o Núcleo de Consciência Negra, que existe desde 1983, reprimiu fortemente o movimento estudantil, que já conta com 6 estudantes expulsos, além de mandar prender mais de 80 ativistas e ameaçar processar professores que se declararam publicamente contra a reitoria.

Mas o movimento não aguentou calado e promoveu, no ano passado, assembleias massivas, atos e uma greve que envolveu milhares de estudantes. O ano teve início com um forte clima de mobilização. As eleições do DCE são parte dessa luta.

É com unidade que se constrói a luta
Neste cenário, o PSDB construiu sua própria chapa para disputar a direção do DCE. Com um falso discurso apartidário, a chapa Reação contou com o apoio do reitor, do governo e da grande mídia, incluído o conservador colunista Reinaldo Azevedo, da revista “Veja”. Seu programa se baseava na oposição à mobilização estudantil e na defesa da política de privatização e militarização da universidade. Através dessa chapa, Rodas procurou impor uma derrota histórica à esquerda na universidade.

Enquanto isso, PT e PCdoB construiram a chapa Quem vem com tudo não cansa. Centraram sua campanha despolitizada em críticas ao movimento e ficaram em último lugar.

Em uma resposta inédita, os militantes do PSTU e do PSOL na USP se unificaram na chapa Não vou me adaptar! Com um programa de oposição à reitoria e sua chapa, centenas de ativistas construíram uma campanha histórica, que obteve uma vitória categórica: foram 6.964 votos, 53% do quórum eleitoral, numa clara demonstração da disposição de luta na USP. A chapa do PSDB ficou em segundo lugar, com 2.660 votos.

Sem dúvida, a unidade dos setores de esquerda foi determinante para essa vitória. Com uma forte campanha, deixamos claro que o movimento tem força para apresentar seu projeto para a USP e que o DCE é um instrumento dos estudantes, que deve ser independente do governo e da reitoria e lutar pela democracia na universidade.

Os que insistem em dividir o movimento
Concorreram às eleições outras chapas de esquerda. A chapa 27 de outubro, composta por militantes da LER-QI e PCO, defendeu uma política ultra esquerdista e afastada da base. O resultado foi que amargaram 503 votos, alcançando o quarto lugar da disputa.

Já a chapa Universidade em movimento, composta pelos partidários da Consulta Popular e da APS, centrou-se na crítica aos métodos do movimento estudantil. Seus principais inimigos não foram Rodas, o PSDB ou a Reação, mas os problemas do movimento e a chapa Não vou me adaptar!. Ficaram em terceiro lugar, com 2.579 votos. Os ativistas dessa chapa certamente ajudariam mais ao movimento se estivessem conosco, em uma chapa unitária.

Desafios
O movimento estudantil da USP sai mais fortalecido dessas eleições. A derrota do PSDB no DCE é uma clara demonstração de que 2012 será um ano de lutas e contará com um DCE mais forte e presente, com peso para organizar milhares de estudantes na defesa de uma universidade pública e democrática.

Os desafios não são poucos. Rodas acaba de nomear um coronel da PM para chefiar a segurança da universidade, provando que não cederá na ofensiva de militarização e autoritarismo na USP. Contudo, agora o movimento está mais forte.