Fotos: Tanda Melo/Sindmetalsjc

Depois de muita luta e resistência, finalmente o sonho começa a se realizar. Foi oficializada nesta terça-feira, dia 25, em uma solenidade que contou com a presença da presidente Dilma Roussef (PT), a construção do conjunto habitacional “Pinheirinho dos Palmares”.
 
O residencial, que será construído num terreno de 645 mil metros, localizado na região sudeste de São José dos Campos, terá 1.700 casas destinadas às famílias despejadas da antiga ocupação Pinheirinho, em 2012. A entrega das moradias está prevista para setembro de 2015.
 
A cerimônia contou com a participação de várias autoridades, entre as quais, o prefeito de São José dos Campos, Carlinhos Almeida (PT), vereadores, representantes do governo federal e estadual e da Caixa Econômica Federal. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) não compareceu. Enviou como representante o Secretário de Habitação, Silvio Torres.
 
Toninho Ferreira, presidente do PSTU de São José dos Campos e advogado das famílias do Pinheirinho, participou da cerimônia e falou aos presentes.
 
Uma grande vitória
O novo bairro Pinheirinho dos Palmares é uma vitória fruto da corajosa luta das famílias. São 10 anos de mobilização! É um acontecimento histórico, uma conquista de todos que lutam pelo direito à moradia.
 
A força do movimento pressionou os governos, garantindo a conquista do novo bairro, levando inclusive a presidente da República a vir a São José dos Campos e reconhecer a luta dos moradores.
 

 
Dilma falou durante cerca de 30 minutos e destacou a luta do movimento. “Na vida, quando a gente luta pelos direitos da gente, mesmo quando os acontecimentos são violentos, e liquidam, como alguém disse aqui, com uma caixinha de lembranças, a dignidade está na postura que a gente tem. E vocês foram capazes de mostrar uma força, de mostrar caráter, de mostrar dignidade diante de umas das maiores violências que podem acontecer com uma família, que é perder o seu lar”, acrescentou.
 
Na violenta desocupação, realizada pelo governo do PSDB, o movimento reivindicou da presidente Dilma uma medida provisória que desapropriasse o terreno do Pinheirinho e evitasse a aquela tragédia. Entretanto, a presidente não fez isso na época e o despejo acabou se concretizando.
 
Na cerimônia, todos tentaram capitalizar a construção das casas, mas na realidade essa conquista não é um presente dos governos, mas uma vitória fruto da luta das famílias. Em sua fala, Toninho destacou esse fato.
 
Ele falou na sequência do prefeito Carlinhos. Muito aplaudido, o presidente do PSTU de São José dos Campos fez três reivindicações à presidente Dilma e autoridades presentes, cobrando uma lei que proíba despejos violentos no país, o reajuste do aluguel social pago às famílias e a desapropriação do antigo terreno do Pinheirinho.
 
Ele iniciou sua fala lembrando que foi preciso muita luta para superar as dificuldades até chegar ao dia de hoje. Disse que hoje se via as lágrimas de alegria nos olhos dos moradores, mas já houve muitas lágrimas de dor quando eles viram suas casas, pertences e caixinhas de lembrança sendo destruídos naquele fatídico dia da desocupação.
 
É preciso fazer uma reflexão. Por que tanto sofrimento para se conquistar uma casa própria, que é um direito e deveria ser um direito de toda família? Por isso, pensamos que deveria existir uma lei nesse país, e reivindicamos isso aqui da presidente Dilma, uma lei para acabar com os despejos violentos, para nunca mais ocorrer o que aconteceu no Pinheirinho. Ao nosso ver, o movimento social não pode ser tratado como caso de polícia. É preciso ter políticas públicas”, disse.
 
Toninho destacou que o antigo terreno da ocupação Pinheirinho voltou a ser uma área abandonada e cobrou a desapropriação do terreno.  “O direito à vida tem de vir antes do direito à propriedade e o terreno precisa voltar a cumprir sua função social”, disse.
 
Lembrando ainda que o aluguel social de R$ 500 está com o valor congelado há dois anos e não é suficiente para pagar uma moradia na cidade, reivindicou do representante do governo Alckmin e do prefeito, o reajuste do valor.
 
Em nossas assembleias no barracão, a promessa que a gente fazia era somente a luta. E queremos reafirmar nosso compromisso. Enquanto existir uma família sem ter onde morar, vamos lutar, pois tem de ser assim para conquistar. Hoje é dia de festa, temos o direito de comemorar. Valeu a pena ter lutado, viva a luta do povo, viva o Pinheirinho dos Palmares”, encerrou Toninho.
 
Os ex-moradores do Pinheirinho, que compareceram em peso à solenidade, entoaram o tradicional grito de guerra do movimento: “ah, ah, uh, uh, o Pinheirinho é nosso!
 
As famílias seguirão organizadas para acompanhar todo o processo de construção das casas. Poderão, inclusive, trabalhar nas obras, conforme reivindicação e acordo feito com os governos e a construtora.
 
A mobilização continua! Neste país onde ainda prevalecem os interesses da especulação imobiliária, ao invés dos interesses dos mais pobres, o Pinheirinho deixa uma lição: é preciso lutar, é possível vencer! Vamos em frente!