Em pleno ano eleitoral, o governo altera novamente as regras das eleições para poder se beneficiar em acordos e coligações. No dia 25 de janeiro, a Câmara aprovou o projeto de emenda constitucional que acaba com a verticalização nas coligações. Foram 343 votos favoráveis, 143 contrários e uma abstenção. A emenda, já aprovada pelo Senado, deve passar por uma segunda votação na Câmara nesta semana.

A verticalização foi instituída em 2002, impedindo que alianças feitas nos Estados contrariassem as coligações nacionais dos partidos. Apesar de essa ter sido a regra válida para o processo eleitoral de 2002, o PT de Lula, com o PMDB e até a maior parte do PSDB, rediscutiram o tema agora, já que a verticalização dificultaria algumas alianças e apoios nos estados. Em estados como Ceará, Goiás, Espírito Santo e Amazonas, o PT pretende se aliar ao PMDB, que pode ter candidato próprio a presidente.

Mesmo assim, o PT se dividiu na votação. Dos 83 deputados petistas, 63 votaram pela manutenção da verticalização, como deliberou a bancada, e 14 apoiaram a orientação de Lula. Os tucanos também estavam divididos, o que levou o líder Alberto Goldman a liberar o voto. O P-SOL também se dividiu nesta votação. O motivo de divisão nas diversas bancadas obedece aos interesses eleitoreiros locais. Preocupados em fazer coligações com o objetivo de eleger mais nomes em cada estado, os votos foram pouco influenciados pela orientação nacional dos partidos.

Apesar da aprovação da emenda, ainda se questiona se a nova regra valerá a partir dessa próxima eleição, já que, de acordo com a Constituição, mudanças eleitorais devem ser feitas um ano antes do pleito. Entretanto, não é difícil prever que haverá um grande esforço das instituições para que sejam garantidos os interesses eleitoreiros dos principais partidos, para que os mesmos picaretas permaneçam no poder, cortando verbas públicas para engordar o superávit primário e os mensalões.