Em 21 de agosto de 1940, morria assassinado no México, Leon Trotsky, dirigente da Revolução Russa ao lado de Lênin. Trotsky foi assassinado por Ramón Mercader, um agente de Stalin que simulava ser simpatizante do trotskismoNo momento do assassinato de Leon Trotsky, muitos dos principais dirigentes do Partido Bolchevique que, ao lado de Lênin, haviam dirigido a Revolução de Outubro tinham sido exterminados por Stalin, nos famosos Processos de Moscou. Todos foram condenados, incluindo Trotsky, por falsos crimes e traições, baseados em monstruosas falsificações e confissões forçadas. Era o auge do processo de burocratização do primeiro Estado operário, que ganhou força após a morte de Lênin, entronizando uma casta burocrática contrarrevolucionária que, amparada na falsa teoria do “socialismo num só país”, terminaria restaurando o capitalismo cinco décadas depois.

Milhares de partidários da Oposição de Esquerda, dirigida por Trotsky, foram perseguidos, assassinados e presos. A classe operária chinesa, alemã e espanhola sofria cruéis derrotas por responsabilidade dos Partidos Comunistas orientados pela Internacional Comunista sob o domínio do stalinismo. A morte de grande parte da vanguarda operária revolucionária na guerra civil soviética e a derrota da Revolução Alemã permitiram o surgimento do stalinismo na URSS.

Os partidários de Trotsky eram apenas poucos, mas, para Stalin, Trotsky continuava sendo seu pior inimigo. Acabar com sua vida era sua obsessão. A principal razão não era o rancor pessoal, mas a fria lógica contrarrevolucionária. Trotsky encarnava a experiência das três revoluções russas (a de 1905, e as de fevereiro e outubro de 1917) e as tradições revolucionárias do Partido Bolchevique. Enquanto Trotsky vivesse, um novo ascenso de massas poderia encontrar nele e na recém fundada IV Internacional uma alternativa de direção revolucionária.

Sua obra mais importante
Trotsky, duas vezes presidente do Soviet de Petrogrado, fundador e organizador do Exército Vermelho, grande teórico e dirigente do Partido Bolchevique e da Internacional Comunista (IC), considerava que sua tarefa mais importante foi a fundação da Quarta Internacional. Depois que a criminosa política do stalinismo permitiu o triunfo do nazismo na Alemanha, ele concluiu que a IC se passara definitivamente para o lado da contrarrevolução. Era imprescindível fundar uma nova Internacional que continuasse a luta pela construção de uma direção revolucionária mundial para a classe operária.

A nova Internacional agrupava apenas algumas centenas de quadros revolucionários em todo o mundo, mas era forte por sua direção, sua moral e seus princípios revolucionários, pela teoria e pelo programa que a alicerçavam: a Teoria da Revolução Permanente e o Programa de Transição. Por isso, em que pese o golpe representado pelo assassinato de seu principal dirigente, a IV Internacional sobreviveu a seu fundador. Trotsky teve razão, tinha conseguido salvar a continuidade do marxismo revolucionário para as novas gerações.

Um programa para a crise atual
No final dos anos 1980 e início dos 90, as massas soviéticas e da Europa oriental protagonizaram grandes revoluções que liquidaram os regimes stalinistas, liberando os trabalhadores do mundo desse sinistro aparato contrarrevolucionário. Foi uma colossal vitória que abriu uma nova etapa revolucionária mundial, na qual, em meados de 2008, estourou a maior crise do capitalismo desde 1929. A crise se aprofundou e nos países imperialistas os governos realizaram gigantescos resgates financeiros para salvar os bancos e empresas mais importantes. Grécia e Espanha já estão na bancarrota, Itália e Portugal seguem seus passos e toda a União Europeia se abala. A receita dos governos para superá-la é a velha e amarga medicina capitalista:

selvagens ataques ao emprego, aos salários, às aposentadorias, às condições de trabalho, aos orçamentos da saúde e educação, e um aumento brutal da exploração. Nas palavras de Trotsky, “a burguesia toma com a mão direita o dobro do que deu com a esquerda.”

Isso tem provocado uma resposta dos trabalhadores e setores populares como há décadas não se via. Milhões de operários têm protagonizado combativas greves gerais na Grécia e Espanha. Centenas de milhares saem às ruas no Estado Espanhol contra o ajuste e apoiam a heróica greve dos mineiros do carvão.

Mas este é também o momento em que o programa da IV Internacional demonstra sua plena vigência e sua validade histórica como a única saída real a favor dos trabalhadores para a brutal crise. Medidas como a escala móvel de salários de acordo com a inflação, a diminuição de horas de trabalho com o mesmo salário para garantir mais empregos, a nacionalização sem indenização dos bancos e das principais empresas, entre outras medidas contidas no Programa de Transição, se mostram imprescindíveis para dotar o movimento operário e popular de um plano operário alternativo. Todas elas – como propunha Trotsky – são a ponte para que o movimento operário possa avançar sua mobilização para conquistar seu próprio governo e abrir o caminho para uma saída socialista.

Pela reconstrução da IV Internacional
A Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional (LIT-QI), organização internacional fundada por Nahuel Moreno, completa 30 anos de existência em 2012. A LIT batalhou durante décadas contra o abandono dos princípios revolucionários, que levaram à crise e à dispersão do trotskismo. Hoje, a LIT batalha com força pela reconstrução da IV Internacional e pelo reagrupamento dos revolucionários.

Aos 72 anos do assassinato do grande revolucionário russo, a LIT reivindica com orgulho seu legado e, mais uma vez, fazemos nosso o seu velho grito de guerra: “Operários e operárias de todos os países, agrupem-vos sob a bandeira da IV Internacional. É a bandeira de nossa próxima vitória!”
Post author PSTU (argentina)
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