Os mesmos setores que estiveram na reunião do dia 19 de janeiro, organizada pela senadora Heloisa Helena e Milton Temer, convocaram uma plenária no dia 9 de fevereiro. O PSTU e outras organizações vetadas no dia 19 enviaram uma delegação, com objetivo de restabelecer a unidade do Movimento por um Novo Partido. Na plenária, porém, as correntes MTL, MES, CST e o ex-deputado Milton Temer confirmaram o veto ao PSTU e às outras organizações.

O PSTU tomou a palavra, propondo o fim dos vetos, das pré-condições e a garantia de um movimento unitário, onde todas as posições possam ser debatidas e as decisões tomadas democraticamente. O PSTU se compromete com decisões tomadas em fóruns democráticos, mas não em reuniões com 30 pessoas.

Confirmando o que estamos afirmando, de que o debate mais importante nesse momento não é sobre o funcionamento, e sim sobre o programa, estratégia e objetivos, o intelectual Carlos Nelson Coutinho — que expôs os objetivos deste Novo Partido na Plenária — reafirmou com clareza que, para os companheiros, o grande objetivo seria lançar candidatura em 2006.

No texto político-programático lançado no dia 19 de janeiro, os companheiros já não explicitavam com clareza uma estratégia revolucionária ou de ruptura, mas posições difusas que apontam para a estratégia de conformar um Novo Partido de oposição ao governo, porém nos limites do regime democrático-burguês ou da institucionalidade vigente, enfim, um partido para as eleições: um novo PT.

Estas correntes se recusam a encarar este debate de fundo e querem tentar parecer que toda a discussão se resume ao problema do funcionamento, das tendências permanentes. Reafirmaram que este é o centro, e que esta definição é uma “cláusula pétrea” (que não poderá ser debatida na base): o novo partido terá de ser formado por tendências permanentes, aos moldes do PT.

Nós também defendemos a existência de tendências. No Movimento por um Novo Partido, (antes da formação do partido) nós propomos o funcionamento sem nenhum centralismo e, se necessário, por acordo. Mesmo depois de formado o partido, por vários anos até que exista um acordo programático de fundo, devem seguir existindo as tendências permanentes. Depois que haja uma compreensão programática comum, as tendências, ao nosso ver, devem existir na preparação dos congressos e se dissolver depois deles, para evitar transformar o partido em uma frente de correntes, que dá liberdade aos parlamentares fazerem o que bem entender, em detrimento da militância de base e das decisões tomadas coletiva e democraticamente em congressos.

Mas achamos que esta não é a discussão mais importante. O fundamental é que o Novo Partido deve ter uma estratégia revolucionária. É isso que define como deve funcionar este partido. E mais: defendemos a necessidade de um Movimento unitário, pois somente isto possibilitará aglutinar a militância dos movimentos sociais para todos juntos debatermos e decidirmos que tipo de novo partido necessitamos.

Querer impedir a unidade e o debate na base é um enorme ataque ao projeto do Novo Partido. Reafirmamos o chamado para que os companheiros participem de forma unitária da construção do Movimento do Novo Partido.

Post author André Freire, do Rio de Janeiro (RJ)
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