Universitários defendem a federalização da Unitau
Menestreu Barbosa

Universitários ocupam Câmara Municipal para pedir uma posição dos vereadores sobre a federalização da Universidade de Taubaté e vereador petista quase agride estudanteNo último dia 13 de agosto, cerca de 300 estudantes da Universidade de Taubaté (Unitau), localizada no Vale do Paraíba, ocuparam a Câmara Municipal para pedir uma manifestação pública dos vereadores sobre a federalização da Universidade de Taubaté. No calor dos acontecimentos, após o discurso de um universitário, o vereador Jéferson Campos (PT) partiu para cima do estudante e, por pouco, não o agrediu. A cena aconteceu no plenário da Câmara.

O movimento estudantil da Unitau saiu às ruas mais uma vez para defender, além da federalização, a redução da mensalidade, o fim das taxas administrativas, a transparência na concessão de bolsas estudo, a construção de bandejão, salário dignos para professores e funcionários e o fim dos convênios que a universidade está firmando com empresas privadas da região.

Depois de percorrer as ruas da cidade, a manifestação estudantil tentou entrar na Câmara Municipal, mas foi impedida por dois seguranças: há quem diga que foi a mando dos vereadores. Um colunista da cidade escreveu que os estudantes pareciam sem-terra e a Câmara, um latifúndio.

O tumulto foi inevitável. Os universitários encontravam-se dentro da Câmara, mas os vereadores insistiam em continuar a sessão como se nada estivesse acontecendo, assim mesmo, na maior cara-de-pau, como Renan Calheiros faz para negar o envolvimento nas acusações que não param de surgir.

Um dos líderes pegou o megafone e atrapalhou o andamento da sessão. Logo em seguida, o presidente em exercício da Câmara, o pastor-vereador Valdomiro Arcanjo Silva (PTB) resolveu inovar e suspendeu a sessão para conceder o espaço da tribuna aos estudantes. Aplausos.

O presidente do Diretório Acadêmico da Medicina, Harold Maluf, usou o espaço concedido para dizer que os estudantes que ficam à frente dos diretórios são perseguidos com processos administrativos. O representante do curso de Serviço Social, Gabriel Hilário, falou da situação “surreal” vivida pela universidade, que insiste em ser municipal, sem receber nenhuma verba pública e cobrando uma mensalidade de instituição privada. O valor das mensalidades foi considerado abusiva até pela Defensoria Pública do Vale dos Paraíba, sem falar nos juros extorsivos cobrados de quem atrasa o pagamento.

Vereadores ouvem a verdade e perdem o controle
O tumulto no plenário começou depois do discurso do presidente do Centro Acadêmico da Comunicação Social, Pablo Loureiro, que disse: “não adianta a gente falar dos problemas da Unitau, porque a Câmara sabe dos problemas que existem, por mais de uma vez nós viemos aqui e não fomos atendidos. Existe um acordo entre todos os partidos aqui representados, todos os partidos têm acordo eleitoral e não podem federalizar a Unitau porque depois eles vão ter problemas para financiar suas campanhas. Nós sabemos muito bem como acontecem a campanhas”.

Depois que as palavras do estudante adentram pelos ouvidos e chegam ao cérebro dos vereadores, começou a confusão. O oportunista Jeferson Campos (PT) aproveitou a presença maciça da imprensa, inclusive da Rede Globo, para tentar agredir Pablo Loureiro. Felizmente, foi contido por seus pares e assessores.

O vereador Rodson Lima (PP) arrancou o microfone da tribuna na tentativa de calar o estudante. Depois do acontecido, a reitora da universidade mentiu que os estudantes teriam destruído o patrimônio público, esquecendo-se do microfone arrancado pelo vereador progressista.

A cena foi grotesca. Com os ânimos mais calmos, Campos percebeu o desgaste público da sua atitude. Voltou à tribuna para pedir desculpas e disse que não queria ficar com a imagem de uma pessoa violenta. Nas conservadoras rodas políticas, planeja-se uma retaliação judicial contra o estudante da Comunicação Social.

A história parece emocionante, mas, dentro do seu contexto, torna-se algo admirável: a cidade de Taubaté ainda guarda grossos traços de conservadorismo. É governada por famílias tradicionalíssimas. Junto disso, temos a própria a Universidade que é municipal e responsável pelo dinamismo da economia local. Para completar a contextualização, uma informação importante: o poder Executivo escolhe quem vai ocupar o cargo de reitor. A briga aqui é de Davi contra Golias. É bom ficarmos de olho.