Amanda Gurgel na sessão de posse da Câmara de Natal

Logo na primeira sessão da Câmara, Amanda disputa a presidência da Casa defendendo a redução do salário dos vereadores

O dia 1º de janeiro de 2013 já entrou para a história da classe trabalhadora brasileira. No momento em que um novo ano se inicia, milhares de trabalhadores, jovens e mulheres de Natal renovaram seus sonhos e esperanças na luta por uma vida digna. E foi esse o sentimento que marcou a posse da professora Amanda Gurgel como a vereadora mais votada entre as capitais, em solenidade realizada na Câmara Municipal de Natal. Do lado de fora, muitas pessoas realizaram um ato em apoio à vereadora do PSTU, demonstrando que ela não estará sozinha nos próximos quatros anos.

Eleita com 32.819 votos, a maior votação da história da cidade, Amanda Gurgel tomou posse já mostrando a que veio e como será um mandato socialista. Em seu discurso, no qual se apresentou como candidata à Presidência da Câmara, a professora denunciou os responsáveis pela crise social em que está jogada a cidade e criticou o aumento nos salários dos vereadores. “O povo não entende como pode, em meio a essa crise, os vereadores terem um aumento absurdo em seus salários. Senhores vereadores, receber 17, 18 mil reais é um desrespeito com quem ganha um salário mínimo. Reafirmo aqui o meu compromisso de votar contra e fazer de tudo para barrar esse aumento”, disse.

Amanda Gurgel disputou a presidência da Câmara contra outras duas chapas, encabeçadas pelos vereadores Hugo Manso (PT) e Albert Dickson (PP). Costurando um acordão entre 21 vereadores, Dickson venceu a eleição. Mas ao contrário do novo presidente da Câmara, a professora Amanda apresentou, junto com os dois parlamentares do PSOL, uma candidatura com base em um programa de combate aos privilégios e a corrupção dos vereadores. “É necessário neste momento ouvir o recado das urnas, que não quer uma Câmara submissa, que não quer uma câmara que funcione em base a conchavos e ao clientelismo, com privilégios. O povo está cansado, o povo quer mudança”, discursou.

Um mandato de oposição de esquerda aos governos
No discurso de posse, Amanda Gurgel não poupou os responsáveis pelo caos que vive Natal, a exemplo da ex-prefeita Micarla de Sousa (PV), afastada do cargo por corrupção. “As montanhas de lixo pelas ruas são só o retrato mais grotesco de um governo que saqueou as riquezas do município. O lixo é só a parte mais aparente. A vida de quem vive nos bairros mais distantes de Natal e que depende dos serviços públicos é um drama permanente. Todos os serviços mais básicos, que deveriam ser direitos fundamentais da população, estão sendo negados todos os dias”, denunciou Amanda.

O descaso da governadora Rosalba Ciarlini (DEM) com a saúde pública estadual e as privatizações dos hospitais universitários do governo Dilma também foram lembrados pela vereadora mais votada de Natal. “O caos da saúde está no rosto da mãe que passou a noite abanando seu filho recém-nascido em uma maternidade às escuras. E é agravada pelo governo Rosalba, que mantém a fila de espera para a UTI do Walfredo Gurgel como um monumento ao descaso pela vida. E, infelizmente, também pelo governo Dilma, que mantém os projetos de privatização dos serviços públicos, e vai entregar os hospitais universitários, como o Onofre Lopes, para uma empresa”, criticou.

Durante o discurso, Amanda ainda afirmou que a “Era Micarla” faliu e endividou a cidade. A vereadora empossada comparou o caos em Natal com a crise econômica na Europa e também fez questionamentos ao novo prefeito eleito, Carlos Eduardo Alves (PDT). “Em países como a Grécia, Portugal e Espanha, os governantes estão jogando a crise nas costas dos trabalhadores, atacando direitos e desmontando os serviços públicos. A “saída” que encontram é essa. Essa será a saída de Carlos Eduardo para a crise aqui em Natal? Pedir paciência para o funcionalismo? Jogar a conta da crise para quem mais sofre com ela? ”, questionou.

Já no final do discurso, a professora Amanda Gurgel alertou os vereadores sobre o recado vindo das ruas e das urnas e disse que os trabalhadores estão dando suas respostas ao caos imposto pelos governos. “Lá na Europa, os trabalhadores estão dando o seu recado, indo para as ruas, mostrando a sua indignação. Aqui, em Natal, o povo também deu o seu recado nas ruas e nas urnas. Estamos vivendo dias históricos”, destacou a vereadora.

E concluiu afirmando que as verdadeiras mudanças na sociedade não vem dos parlamentos, mas das mobilizações dos trabalhadores. “O meu partido, o PSTU, acredita que não é dentro dos gabinetes que as verdadeiras mudanças acontecerão em Natal, no Rio Grande do Norte e em nosso país. As verdadeiras mudanças virão das mobilizações populares, virão do povo organizado, virão dos mais explorados e dos mais oprimidos”.

Um mandato com a força dos trabalhadores
Logo após a cerimônia de posse, militantes do PSTU, trabalhadores, ativistas sociais e apoiadores participaram de uma festa em comemoração ao início do mandato da professora Amanda Gurgel. Na festa realizada em frente à Casa do Cordel, um tradicional ponto de cultura potiguar, estiveram presentes pessoas que participaram da eleição de Amanda desde o começo da campanha e que permanecem ajudando, como é o caso do professor do IFRN, Mateus Nascimento. “A presença de Amanda Gurgel na Câmara é a presença das necessidades do povo. O povo apostou em Amanda e nós estamos com ela. Não só no dia da posse, mas também durante todo o mandato construindo a luta”, afirmou.

Cyro Garcia, da direção nacional do PSTU, que veio a Natal para acompanhar a posse de Amanda Gurgel, também participou da comemoração e comentou o início de um mandato socialista que terá a força dos trabalhadores. Cyro afirmou que o mandato de Amanda fortalece nacionalmente a luta dos trabalhadores pelo socialismo e mostra que é possível eleger sem rebaixar o programa político. “Estamos comemorando uma grande vitória da classe trabalhadora não só de Natal, mas do Brasil inteiro. O fato de ela ter sido eleita em Natal como a mais votada das capitais mostra uma vitória nacional. Mostra que os trabalhadores não precisam rebaixar seu programa político para serem eleitos. O PSTU elegeu Amanda com um programa revolucionário. Essa vitória fortalece a luta dos trabalhadores para pavimentar a estrada que nos levará uma sociedade socialista”, declarou.

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