No Brasil, 82 milhões de pessoas vivem sem esgoto e 43 milhões sem água potável. Segundo o próprio Ministério das Cidades, o déficit habitacional atinge 7.223 milhões de casas, a maior parte no Nordeste e no Sudeste do país. São esses os números que explicam por que, após o início de cada ocupação, centenas de famílias unem-se imediatamente a ela.

O governo, contudo, permanece sem enxergar essas áreas como prioridades. A maior prova está no Orçamento para 2006, que deverá ir ao plenário do Congresso em dezembro. A proposta parte da previsão de um crescimento maior do país, com o Produto Interno Bruto (PIB) aumentando 4,5%, contra os 3,4% apontados para 2005. Ainda assim, as verbas diminuem.

Segundo o Fórum Brasil do Orçamento, composto por 45 entidades, entre elas o Unafisco Sindical, a área de Habitação dispõe de apenas R$ 561,4 milhões na proposta orçamentária de 2006. Em 2005, o valor era de R$ 721,6 milhões, e, até o início de outubro, nem 30% desse valor havia sido usado, o que, com certeza, ajudou o governo a atingir a meta do superávit primário três meses antes. Ao reduzir verbas e não usar o pouco destinado, a situação de famílias como as de Goiás só faz piorar.

Para 2006, o governo seguirá priorizando o lucro de banqueiros e agiotas internacionais. Manteve a mesma meta para o superávit (4,25% do PIB) e, segundo a Agência Notícias do Planalto, destinou quase metade do Orçamento para pagar juros das dívidas externa e interna. Devem ser gastos R$ 835 bilhões, 49,73% de todos os gastos de 2006.

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