`VeraQual é o balanço desses 16 anos de administração petista em Porto Alegre?

O PT sempre disse que governava para todos, ou seja, governava para os empresários e para os trabalhadores ao mesmo tempo. Ao longo desses anos ficou claro qual foi a opção petista. A prefeitura garante o lucro dos donos do transporte coletivo, enquanto aumenta o número de pessoas que não tem dinheiro para pagar a passagem, que é uma das mais caras do país, com valor de R$ 1,55, sem passe livre para os estudantes.

Além de não ter nenhum programa de reversão do desemprego, a prefeitura ainda reprime violentamente os mais de três mil camelôs. O funcionalismo municipal, depois de um amplo processo de terceirização dos serviços, enfrenta o descumprimento pela prefeitura da lei sobre a bimestralidade, uma conquista que garantia o reajuste automático dos salários.

Também existe um enorme déficit habitacional. A média da gestão petista é de menos de 1.000 casas por ano, o que não daria nem para resolver o problema dos sem-teto de 1988. A miséria produziu milhares de sem-teto que ocupam terrenos e são despejados violentamente pela administração popular.

Qual é a sua opinião sobre o Orçamento Participativo, que sempre foi uma das vitrines da administração petista?

O Orçamento Participativo (OP) discute somente 9% das verbas municipais. É só uma vitrine da prefeitura petista e não resolve os problemas da população, não ajuda na organização concreta dos trabalhadores para decidir os rumos da cidade. O OP retrocedeu do que era no início. Hoje, mais do que em qualquer outro tempo, é um braço da prefeitura. Também é comum que as poucas obras votadas no OP atrasem ou nem saiam do papel, pois faltam verbas.

Qual seria então a alternativa em relação ao OP?

Para nós a forma de organizar os trabalhadores, fazendo eles assumirem de fato um governo municipal é o Conselho Popular, que, aliás, estava no programa de Olívio Dutra, em 1988, onde deve ser discutido todo o orçamento da cidade, e tomadas as principais decisões políticas. Mas os Conselhos Populares também devem ser um espaço para o debate político e cabe a eles inclusive discutir a nomeação dos secretários da administração municipal. Os conselhos devem discutir, também, os problemas do estado e do país que afetam diretamente o município. Tudo isso é bem diferente do OP.

Como vai ser o processo eleitoral em Porto Alegre?

O PT terá o ex-prefeito Raul Pont como candidato à sucessão de João Verle para manter tudo o que já está aí. Além da candidatura petista, haverá também a candidatura do PSB, seu fiel aliado durante os 16 anos e atual defensor do governo Lula.

A oposição burguesa, por sua vez, vai lançar quatro ou cinco candidaturas para disputar entre si quem terá mais chances de derrotar o PT. Num inevitável segundo turno estarão todos juntos. No entanto, o PMDB e demais partidos burgueses não representam nenhuma alternativa aos trabalhadores, basta ver o governador Germano Rigotto (PMDB, que reprime os sem-terra e arrocha salários dos servidores. Por isso, apresentamos uma alternativa de oposição de esquerda, pois é preciso que a capital gaúcha avance para a esquerda.

O que o PSTU vai apresentar nessas eleições?

Vamos apresentar um programa de oposição de esquerda ao governo Lula e à administração petista. Defenderemos o fim do pagamento da dívida externa e a ruptura com a Alca e o FMI.

Nosso programa ataca os ricos e só poderá ser aplicado com ampla mobilização popular. Apresentamos a proposta de estatização do transporte; construção de moradias populares com frentes de trabalho para gerar emprego; respeito e valorização dos servidores com a retomada da bimestralidade, fim da terceirização e retomada da progressividade do IPTU, garantindo isenção aos moradores de vilas, desempregados e população de baixa renda. Para viabilizar esse programa, além da mobilização popular, iremos desobedecer à Lei de Responsabilidade Fiscal e taxar os ricos.

A sua candidatura pretende unir a esquerda socialista em Porto Alegre?

Com certeza queremos que ela construa uma alternativa para os setores que hoje se decepcionam e rompem com PT. Nesse sentido, fazemos um chamado aos companheiros do PSOL, em particular ao grupo da deputada federal Luciana Genro, para apoiar a nossa candidatura. Mais do que votar, queremos o apoio ativo de Luciana e dos militantes do PSOL. É um grave erro, em nossa opinião, qualquer atitude que venha a beneficiar a candidatura petista, depois dos 16 anos de administração.

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