Mercenários estadunidenses capturados
Redação

No dia 3 de maio, os venezuelanos acordaram com a notícia de que um comando composto por um grupo de supostos mercenários estadunidenses, acompanhados por ex-militares e ex-policiais venezuelanos, haviam sido capturados. O grupo tentava fazer uma incursão armada no país, mas foi neutralizado pelas forças de segurança do Estado. Dez dos mercenários foram presos e oito foram mortos no confronto.

Segundo informações divulgadas pelo governo, o comando terrorista tinha a intenção de desembarcar nas costas da cidade de Macuto, onde foram capturados. Uma detenção semelhante de outra embarcação teria sido feita nas costas do Chuao (estado de Aragua) e foram efetuadas prisões em Puerto la Cruz (estado de Anzoátegui). Uma semana antes, outra ação de conspiração teria sido frustrada em Los Teques (estado de Miranda).

Mercenários estadunidenses capturados

Dentro da Venezuela, as notícias se espalharam rápido e foram colocadas em dúvida por amplos setores da população, que chegaram inclusive a ridicularizar e minimizar os fatos. Uma reação lógica, se forem levadas em conta as repetidas atitudes mentirosas do governo Maduro.

Horas e dias depois, alguns fatos, como a captura de dois mercenários estadunidenses e de Josnar Adolfo Baduel, filho do general Raúl Baduel, esclareceram a situação. O general pertenceu ao governo de Hugo Chávez, mas foi preso em 2009 acusado de corrupção.

Declarações da oposição burguesa reconheceram a existência de uma operação de mercenários da empresa Silvercorp, que pertence ao ex-boina-verde estadunidense Jordan Goudreau. A chamada “Operação Gedeon” teria sido produto de um contrato para levar a cabo a operação de mercenários, assinado entre a empresa Silvercorp e Juan Guaidó segundo jornalistas simpatizantes da oposição patronal, que inclusive tornaram público o contrato.

Vídeo promocional no site da Silvercorp indica que Goudreau estaria executando tarefas de segurança num comício de Trump

Apesar de suas tentativas de se afastar da fracassada incursão militar, não há dúvidas sobre os vínculos de Guaidó com a operação. Um de seus principais estrategistas políticos, o direitista e ultrarreacionário Juan José Rendón, reconheceu publicamente, em declarações à rede estadunidense CNN, a assinatura do referido contrato, no valor de US$ 50 mil com a empresa Silvercorp.

O portal da BBC informou que Goudreau participara e fizera a segurança em comícios políticos de Donald Trump. O fato mostra que a tentativa fracassada é de responsabilidade direta de Guaidó, em conluio com o governo imperialista de Trump.

A Unidade Socialista dos Trabalhadores (UST), ligada à LIT-QI, foi categoricamente contrária à interferência imperialista e ao golpismo dos mercenários, expressou o “mais profundo rechaço” e chamou a população a repudiá-la.

“Essa operação, além de seus propósitos imediatos, sem dúvida teve o objetivo fundamental de impor uma situação de fome e miséria aos trabalhadores e ao povo venezuelano em níveis semelhantes ou piores aos que já nos submete a ditadura madurista”, diz a organização em nota.

 

DITADURA
Ação serve para Maduro reprimir o povo

O governo aproveitou a ação fracassada para se vitimar, desviando a atenção dos problemas reais do país, como a fome, a falta de combustível, os massacres nas prisões, o confronto entre quadrilhas criminosas em bairros da capital e a manipulação dos dados sobre as vítimas da COVID-19. Como Bolsonaro, o ditador Maduro vem defendendo o uso da cloroquina, um medicamento sem nenhuma comprovação de eficácia, para tratar os infectados.

A operação dos mercenários também serve ao governo para justificar a ação repressiva, seus dispositivos de coerção e de controle social contra os trabalhadores e os setores populares para criminalizar os protestos sociais. Vai usar a ação para acusar as manifestações desses setores como parte de um “plano terrorista”.

A UST defende que “os trabalhadores e o povo humilde da Venezuela só podem contar com a força de sua mobilização e auto-organização” e denuncia a responsabilidade do imperialismo e da oposição de direita no fracassado ataque armado.

“Devemos nos mobilizar e nos organizar independentemente desses setores e contra sua política de sanções, bloqueios e interferências, para a defesa de nossos direitos democráticos, para exigir a liberdade de presos políticos, para denunciar que o governo usa a operação frustrada como argumento para realizar um ataque repressivo e criminalizar protestos legítimos, lutar contra a fome, combater o pacote antioperário e antipopular do governo, bem como derrubar o governo promotor da fome, corrupto e repressivo de Maduro”, diz a nota.