Governo tenta limpar sua imagem divulgando “bom exemplo”Entre o fim de maio e o início de junho, o governo Lula lançará uma nova campanha publicitária baseada no fortalecimento da auto-estima do brasileiro, divulgando boas notícias oficiais para reverter a imagem negativa do governo no último período. A nova propaganda é uma segunda etapa da campanha “O melhor do Brasil é o brasileiro”, que vem sendo veiculada desde julho do ano passado.

A tentativa de melhorar a imagem do governo e do país é uma prioridade do governo, pois as recentes denúncias de corrupção envolvendo o ministro da Previdência, Romero Jucá, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, precisam ser esquecidos pela população, para que esses fatos não influenciem na aprovação das reformas e nem nas eleições de 2006.

Os problemas dessa campanha publicitária, no entanto, não estão apenas no conteúdo mentiroso da mensagem a ser veiculada para os brasileiros. Além disso, a forma de financiamento terá como base o modelo econômico neoliberal que impera no Brasil. A proposta é que a campanha seja financiada por uma Parceria Público-Privada (PPP) de comunicação. “No fundo, é o seguinte: quando você pode atender o interesse público, mas fazer com que o setor privado ajude, o governo é coadjuvante nesse processo” disse o ministro da Secretaria de Comunicação do Governo, Luiz Gushiken. Três entidades nacionais de agências de propaganda serão responsáveis pela parceria: Associação Brasileira de Agências de Propaganda (Abap), Federação Nacional das Agências de Propaganda (Fenapro) e Associação Brasileira de Publicidade (ABP).

A nova campanha do governo lembra muito as ações publicitárias de outros governos que queriam desviar o foco de atenção da população dos problemas do país. Os generais do período da ditadura militar também usavam a mídia para difundir uma visão patriótica e ufanista do Brasil. A diferença é que Lula gasta bem mais com essa área. Em 2004, o governo federal utilizou cerca de R$ 1,05 bilhão com publicidade e propaganda. Fora isso, existem ainda os patrocínios privados, como no caso dessa campanha do bom exemplo.

Gushiken acredita nas técnicas empresariais de auto-ajuda e gosta de trabalhar com mensagens que despertem o orgulho de ser brasileiro. Entretanto, atualmente não vai ser fácil fazer esse discurso pegar, pois a realidade desmascara cada vez mais um Estado corrompido, uma população na miséria e um conjunto de ataques e reformas que destroem conquistas históricas dos trabalhadores. A mentira, por mais bem financiada que seja, tem pernas curtas.

Post author Yara Fernandes, da redação
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