Lutar contra a implementação da Alca também é lutar contra as nefastas conseqüências do racismo e do machismoPara os negros e as negras, que já vivem em uma situação de superexploração, o plano de recolonização imperialista é uma verdadeira catástrofe. Uma situação que pode ser facilmente demonstrada se checarmos apenas dois dos muitos aspectos da vida nacional que poderão ser diretamente influenciados pela Alca:

Grande aumento do desemprego

Todos os estudos apontam para um crescimento sem precedentes do desemprego (Vide páginas centrais). Para negros e negras, isso só acirraria uma situação que já é gravíssima. Hoje, segundo dados do Mapa da população negra no mercado de trabalho, a maioria dos desempregados é formada por negros. Em Salvador, 86,4% dos desempregados são negros; no Recife e no Distrito Federal, este índice chega a cerca de 68%.

Além disso, detectou-se que, em média, a taxa de desemprego entre negros e negras é cerca de 40% maior do que aquela verificada entre brancos. Em Salvador, por exemplo, enquanto 17,7% dos não-negros se encontravam desempregados, em 1998, a taxa entre negros era de 25,7%, e, em São Paulo, esta relação é de 16,1% para 22,7%.

Redução de salários e direitos

A Alca também prevê o corte de salários e a eliminação de direitos históricos dos trabalhadores, com a desculpa de que isso é necessário para que o capital nacional possa “concorrer” com empresas estrangeiras. As reformas Sindical e Trabalhista nada mais são do que a antecipação desse violento ataque.

Também nesse aspecto, a população negra já se encontra numa situação insustentável. Dados do próprio governo indicam que negros e negras são 64% dos pobres e 69% dos indigentes. Além disso, de acordo com o Mapa, a combinação de racismo e machismo provoca uma gritante diferença no rendimento médio mensal dos trabalhadores. Em São Paulo, por exemplo, para cada R$ 100 pagos para um homem não-negro, uma mulher não-negra ganha R$ 62,5, um homem negro ganha R$ 50,6 e uma mulher negra recebe apenas R$ 33,6.

Por fim, no que se refere à precarização e à perda de direitos, também se sabe que negros e negras há décadas vêm sendo as vítimas preferenciais desse processo. Enquanto a precariedade ou vulnerabilidade (trabalho informal ou sem carteira assinada) atinge 27,3% dos não-negros de Salvador, a taxa entre negros chega a 46,2%. No Recife, a relação é de 36,8% para 44,7% e, em São Paulo, de 32,2% para 42,2%.

Com a Alca, evidentemente, isso tudo só pode piorar. Por isso, negros e negras têm um motivo a mais para lutar contra sua implementaação. Lutar contra a Alca também é lutar contra o racismo.

Post author Wilson H. da Silva, da redação
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