De 7 a 12 de abril de 2003
Lutar contra o latifúndio para fazer justiça e acabar com a fome

No Brasil, 1% dos proprietários rurais são donos de mais da metade das terras. Nesses grandes latifúndios, parte das terras destina-se a produzir produtos para exportação. A outra parte é destinada à pecuária. Muito pouco fica para a produção de alimentos que saciem a fome do povo. A Reforma Agrária, por esse motivo, é uma medida necessária para se reparar uma injustiça histórica que desde a chegada dos portugueses atinge o trabalhador rural.

Mas a Reforma Agrária não é só uma medida de justiça. Ela é uma necessidade que se reclama, tendo em vista a construção de um modelo agrícola que privilegie a produção de alimentos para o mercado interno. Além do mais, ele se inscreve como ponto programático de extrema importância na construção de um Projeto Popular para o Brasil.

São esses motivos que dão origem, sentido e significado à luta do Movimento Sem Terra. Nós do MST lutamos não apenas pelo fim do latifúndio, mas também por um novo modelo agrícola e pela construção de um Brasil sem miséria, injustiça e desigualdade. É por isso que o MST é tão atacado, perseguido e caluniado pela classe dominante e por parte da imprensa.

Nem por isso nós do MST recuamos em nossos propósitos. Mas sabemos que essa luta, para seguir adiante e ser vitoriosa, precisa do apoio dos trabalhadores urbanos. Estes serão igualmente beneficiados pela Reforma Agrária, pois ela aumentará a oferta de alimentos, reduzindo seus preços; oferecerá uma perspectiva de trabalho e moradia para os trabalhadores que nas cidades estão excluídos, reduzindo o inchaço, o desemprego e a violência nas cidades; e reduzirá o desemprego, forçaria o aumento dos salários.

Para essa luta, é preciso costurar uma aliança entre trabalhadores da cidade e do campo. Enquanto a Reforma Agrária que queremos não chega, fazemos nossa parte, ocupando o latifúndio, fazendo marchas e manifestações. Dessa vez, faremos em Campinas uma Semana da Reforma Agrária, de 7 a 12 de abril, para lembrar o massacre de 19 sem terra em Eldorado dos Carajás, acontecido em 17 abril de 1996. Teremos atividades culturais com artistas do Movimento, debates públicos em escolas, ato ecumênico e venda de produtos dos nossos assentamentos, para demonstrar com exemplos práticos a viabilidade da Reforma Agrária.

Só sai Reforma Agrária com aliança camponesa e operária!

Reforma Agrária: por um Brasil sem latifúndio!