A mineradora Vale foi obrigada a recuar da ameaça de demissões previstas para o próximo mês. Ao longo de maio, em reuniões com sindicalistas, a direção da empresa falava de demissões massivas em vários lugares. No dia 31 de maio, encerra o acordo de licença-remunerada na Vale.

Até a grande imprensa noticiou a possibilidade de demissões. Uma matéria do jornal Folha de S. Paulo de 14 de abril falava sobre a possibilidade de demissão para 17 mil trabalhadores em todo o país após o término do acordo de licença-remunerada. No último dia 21, porém, numa reunião com os sindicatos convocada inicialmente para debater as ações da empresa para o próximo período, a Vale disse ter mudado de ideia quanto às demissões. Ao menos, por enquanto.

De acordo com Valério Vieira, presidente do sindicato Metabase Congonhas, os representantes da Vale disseram que não realizariam demissões em massa no mês de junho. “Mas os representantes da empresa disseram que, se a crise se mantiver e se aprofundar, as demissões em massa ocorrerão”, disse Valério. Apesar da crise, as exportações para a China, maior consumidora de minérios do mundo, caíram menos do que a mineradora previa nos primeiros meses do ano.

Na avaliação do sindicalista, o recuo temporário foi também resultado das iniciativas e da preparação de mobilização realizadas pelos sindicatos. Desde o início da crise econômica mundial, a Vale demitiu cerca de 2 mil trabalhadores diretos e 12 mil terceirizados de um total de 120 mil trabalhadores em todo o mundo, sendo a metade terceirizada.

Para impedir mais demissões, os sindicatos dos trabalhadores da Vale das cidade de Itabira e Congonhas realizaram uma série de mobilizações, articulações que envolveram as comunidades, partidos políticos e entidade do movimento popular, cujo ponto culminante foi a mobilização do ato de 1° de maio. Realizado em Congonhas, o protesto reuniu 3 mil pessoas. No último dia 21, aconteceu uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

A resposta e a ação dos sindicatos foram determinantes para o recuo da mineradora e serve de modelo diante dos ataques da patronal. A própria empresa foi obrigada a reconhecer que essas ações atrapalharam seus planos. “A Vale disse claramente que a atuação dos dois sindicatos, o Metabase de Congonhas e o de Itabira, foi o que a levou a recuar temporariamente das demissões”, relatou Valério.

No entanto, o sindicalista alerta que não é hora pra comemorar, pois, a qualquer momento, a Vale pode demitir milhares de trabalhadores. “A Vale revelou que tem um plano de transferir 50% da produção do estado de Minas Gerais para a região de Carajás, no estado do Pará”, revela. Valério aponta para a necessidade de os trabalhadores não baixarem a guarda e manterem o estado de mobilização. Nesse sentido, os sindicatos preparam novas iniciativas e audiência públicas para barrar qualquer tentativa de demissão.

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