Empresa persegue e demite integrantes da chapa de oposição ao sindicato Metabase de Mariana e RegiãoNo dia 18 de março, a Vale começou a intervir nas eleições do sindicato Metabase de Mariana e Região, em Minas. A empresa demitiu “Borracha”, trabalhador que integra a chapa 2, oposição à atual diretoria do sindicato, ligada à Força Sindical. A empresa também transferiu os operários Romério e Ângelo. Esse último, para outra cidade que fica a mais de três horas de Mariana.

Entendemos que isso é um grande ataque da Vale para ajudar um sindicato pelego tradicional que colabora com a empresa, permitindo que essa tenha lucros enormes nos últimos 20 anos, com acordos rebaixados e retirada de direitos dos trabalhadores.

Mais uma vez, a Vale mostra a sua ganância e sua prepotência. Esse tipo de intervenção é proibido. Na lei, é garantida a estabilidade dos integrantes das chapas concorrentes e não pode haver demissão nem transferência em período de eleição sindical.

A Vale ignorou a liberdade de organização dos trabalhadores. A empresa só conseguiu fazer isso porque a atual diretoria do sindicato, representada por Zé Horta, atual presidente da entidade, está dificultando a inscrição da chapa 2.

Zé horta mantém os lucros da empresa e não defende os trabalhadores
Zé Horta integra o grupo Renovação que, junto com a Rede-Vale, está na direção dos principais sindicatos da mineração em nível nacional. Isso é tudo que a Vale precisa para aumentar o ritmo de trabalho e precarizar as condições de trabalho, o meio ambiente e cada vez mais aumentar os seus lucros que não servem a quem vem construindo a empresa por mais de 60 anos, os operários.

A Vale mantém lucros de mais de R$ 5 bilhões para os acionistas e cresce, em média, 40% ao ano. Diferentemente disso, a folha de pagamento caiu de 10% da receita para apenas 5%, isto é, o valor da mão-de-obra vem caindo pela metade com os acordos rebaixados. O sindicato vem assinando acordos rebaixados há mais de 20 anos, dificultando a luta nacional.

A chapa de oposição, pelo contrário, está atuando com o apoio da Conlutas e dos sindicatos Metabase de Itabira e Região e dos Inconfidentes, que integram o Grupo União e Luta, em defesa dos trabalhadores de Mariana e Região e para colocar o sindicato de Mariana de volta às lutas dos trabalhadores.

Manobra nas eleições abre espaço para demissões
A inscrição da chapa está na Justiça devido a uma manobra de Zé Horta. Ele mudou o estatuto às vésperas da inscrição, aumentando a diretoria de 20 para 40 membros sem ninguém saber. Nada foi informado à base da categoria.

O prazo para inscrição das chapas foi de 5 a 8 de janeiro. No dia da inscrição, a chapa 2 foi impugnada por não ter 40 membros concorrendo. O problema é que, no Ministério do Trabalho e no cartório de Mariana, rege o estatuto com 20 membros, e a mudança foi feita em outro cartório.

Em janeiro mesmo, a chapa de oposição ganhou uma liminar que garantia a inscrição, mas a juíza do Trabalho da vara de Ouro Preto, Luciana Alvez Viotti, não examinou o mérito e extinguiu a liminar. A chapa refez o processo e deu entrada esta semana.

Nesse tempo, a Vale decidiu atuar com demissões e transferências de companheiros importantes da chapa 2. Essa é a primeira vez, em 20 anos, que se consegue montar uma chapa de luta e de oposição ao sindicato, que de fato tem chances de colocar o sindicato nas mãos dos trabalhadores.

É bom lembrar que o Metabase de Mariana é o maior sindicato da base da Vale da região sudeste. É de fundamental importância para o movimento nacional dos trabalhadores da Vale que esse sindicato esteja no caminho das lutas.

Exigimos a reintegração e repatriação dos companheiros da chapa 2, de oposição ao Metabase de Mariana
Achamos que toda essa movimentação da Vale é uma prática antissindical que fere a democracia, impedindo os trabalhadores de Mariana e Região de se organizarem. Não aceitamos a intervenção da Vale.

Exigimos que a empresa não intervenha nas eleições de Mariana e Região. Com o apoio da Conlutas, dos sindicatos dos Inconfidentes, de Itabira e outras autoridades vamos reverter esta situação. A Vale não pode interferir na livre organização dos seus funcionários.

Além disso, exigimos que o sindicato e Zé Horta se posicionem oficialmente contra a demissão e a transferência dos integrantes da chapa 2, e que garanta a inscrição da chapa para evitar novos processos de demissão.