Na semana passada, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo publicou um relatório com o mapa da violência no estado. Uma das regiões mais ricas de São Paulo e do país, o Vale do Paraíba, foi apontada como a mais violenta do estado. Quais os motivos disto? A política econômica vigente no país nos últimos 20 anos, de Collor a Lula, e também a política de segurança do PSDB, em vigência há 16 anos à frente do governo estadual.

A era Collor e Itamar
Esta região viu, com o governo Fernando Collor, a destruição da Embraer estatal, Engesa e da Avibras, essas duas atuantes do setor de defesa. A Engesa chegou a exportar caminhões militares e blindados leves para 18 países. A Avibras atua no setor aeroespacial. Hoje, o que resta não é nem a sombra da poderosa fabricante de material bélico do passado.

Com o governo de Itamar Franco, veio a privatização da Mafersa, hoje MWL, e da FNV, hoje Maxion. Começou a importação de produtos de forma indiscriminada dos países imperialistas, destruindo parte do parque produtivo da região.

A crise econômica e a violência urbana
O Vale do Paraíba é uma das regiões mais industrializadas do país. Às margens da Via Dutra, ligando São Paulo ao Rio de Janeiro, conta com empresas como GM e Embraer, em São José dos Campos; Brahma e Kaiser, em Jacareí; Volkswagen, Ford e LG, em Taubaté; Gerdau e Tenaris/Confab, em Pindamonhangaba; Liebherr, em Guaratinguetá; e Maxion, em Cruzeiro. Estas são apenas algumas das maiores empresas. Nos últimos dois anos, com a crise econômica mundial, elas demitiram milhares de trabalhadores com a concordância do governo Lula, pois o mesmo injetou dinheiro na maior parte delas. Isso sem contar a participação acionária do governo em algumas delas, via BNDES.

Consequência da crise, a região viu explodir o desemprego, primeira causa para o aumento da violência urbana. Mesmo assim, o governo de Lula se nega a reduzir a jornada de trabalho para 36 horas sem reduzir os salários, a editar uma medida contra as demissões em massas, entre outras medidas para proteger os trabalhadores e seus empregos.

PCC surgiu aqui
No Vale do Paraíba, surgiu a facção PCC, o Primeiro Comando da Capital, fruto da política desastrosa do PSDB de concentração de presídios na divisa entre as cidades de Pindamonhangaba, Tremembé e Taubaté. Ao todo, são unidades carcerárias de segurança máxima num raio de um quilômetro. Quem passa pela Via Dutra não vê os presídios, pois estão escondidos ao longo da antiga estrada velha Rio-São Paulo.

Essa concentração, junto com a conivência das polícias corruptas do Rio de Janeiro e de São Paulo, colocou nesta região um ponto de confluência entre as organizações criminosas dos dois estados. Isso não seria possível se não houvesse o auxílio das polícias dos estados mais ricos do país.

Por uma política de segurança democrática construída pelos trabalhadores
Não é possível combater a violência urbana praticada pelos bandos organizados, pelo narcotráfico, por traficantes de armas e pela polícia corrupta sem combater seriamente, em primeiro lugar, o desemprego, com a redução da jornada para 36 horas semanais, sem redução dos salários. Em segundo lugar, é preciso duplicar imediatamente o salário mínimo e aumenta-lo até atingir o salário mínimo indicado pelo Dieese. Além disso, as empresas que demitiram em massa devem ser expropriadas e colocadas sob controle dos trabalhadores.

É fundamental, também, a desmilitarização das polícias estaduais. Os delegados e comandantes de batalhões têm de ser eleitos pela comunidade onde estão as unidades de polícia. Os soldados, cabos e sargentos devem ter direito à organização sindical e a fazer greve, o que hoje, absurdamente, não ocorre. Os oficias e suboficias devem ser eleitos pela tropa, e a população precisa ter o direito à autodefesa nos bairros e controle dos arsenais da polícia.

Sem essas medidas mínimas, a violência só tende a aumentar, neste Vale de riqueza e de violência, o Vale do Paraíba e em todo o país.