Waldemar Costa Neto
Agência Brasil

Valdemar Costa Neto renuncia, depois de revelação de que teria recebido R$ 10,8 milhões de empresas de Marcos ValérioO presidente do PL, Valdemar Costa Neto, é o primeiro deputado a sair do cargo por causa das denúncias de corrupção no Congresso. Ele é um dos acusados de envolvimento no esquema do mensalão. Valdemar renunciou nesta segunda, 1º de agosto, na tentativa de escapar de uma possível cassação.

Em seu discurso de renúncia, Valdemar assumiu que recebia dinheiro do PT, mas negou que se tratasse de um mensalão. “Durante a campanha eleitoral de 2002, tive a promessa do Partido dos Trabalhadores de que receberia recursos financeiros para fazer frente às despesas da coligação PT-PL. (…) Nove meses após o início dos mandatos vitoriosos, o Partido dos Trabalhadores passou a honrar os compromissos que assumiu durante a campanha de 2002”, contou o deputado.

Porém, sua própria ex-mulher desmente a versão do discurso e confirma a existência das mesadas aos parlamentares da base do governo. No dia 20 de julho, Maria Christina Mendes Caldeira, ex-esposa de Valdemar, disse ao Conselho de Ética que o presidente do PL recebia dinheiro do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e confirmou a existência do mensalão. Maria Christina disse que Valdemar Costa Neto e Delúbio Soares se encontravam com freqüência em hotéis como o Grand Mercury, em São Paulo, e o Blue Tree, em Brasília. “Sei que eles se encontravam nos hotéis porque o Valdemar me ligava do lobby, dizendo que estava esperando o Delúbio“, afirmou.

Valdemar também apareceu na lista dos sacadores das contas de Marcos Valério, entregue também no dia 1º de agosto pela ex-gerente administrativa da SMP&B, Simone Vasconcelos, em seu depoimento à Polícia Federal. O deputado aparece como recebedor de R$ 10,8 milhões.

E as denúncias parecem não ter fim. Com a perda do cargo, Valdemar tem pouco a perder e pode abrir a boca. Ele sinalizou para isso, ao sair do plenário e dizer aos jornalistas que “nesta semana, trarei novidades para vocês“.

Mais cabeças
O subsecretário da Presidência da República, Marcus Flora, também deixou seu cargo neste 1º de agosto. Ele ocupava interinamente o cargo de subsecretário de Comunicação Institucional, a Secom, desde a saída de Luiz Gushiken. O nome de Marcus Flora aparece na agenda da ex-secretária de Marcos Valério, Fernanda Karina Somaggio. Marcus Flora e Marcos Valério teriam se encontrado muitas vezes nos últimos meses.