Manifestações do 7 de Setembro rompem com tom governista e preparam protestos da Conlutas nos estadosA manifestação de setores governistas no ABC paulista, berço do PT e de Lula como figura pública, mesmo com todo o aparato, não conseguiu mobilizar a favor do governo. Em São Paulo, a marcha silenciosa da direita, com a presença de partidos como PPS e PDT, mobilizou apenas entidades patronais, políticos, funcionários e burocratas, não contando com a simpatia da população.

A Conlutas, por sua vez, realizou o maior ato contra esse governo no dia 17 de agosto, levando 30 mil à Esplanada dos Ministérios. Essa mobilização se espalha agora pelos estados. Em Belo Horizonte, a manifestação chamada pela Conlutas reuniu 2.500 pessoas e foi o maior ato público em Minas Gerais em muitos anos.

O próprio Grito dos Excluídos contou com manifestações e gritos contra o governo e a corrupção. As pesquisas de popularidade e essas primeiras manifestações contra o governo demonstram que existe uma indignação crescente no país.

Para impedir o acordão, é preciso multiplicar a mobilização em todos os estados para que os escândalos não resultem em pizza. Por isso, acompanhe e participe do calendário de mobilizações contra a corrupção, aprovado no II Encontro Nacional da Conlutas.

Gritos contra o governo
No dia 7 de setembro, ocorreram atos do tradicional Grito dos Excluídos na maioria das cidades do país. Apesar da intenção das entidades que organizam o protesto, como as pastorais e o MST, de preservar o governo, Lula foi vaiado na maioria. Em Brasília, Lula ouviu refrões de protestos e viu faixas como a do PSTU, pelo Fora Todos! O partido foi às ruas na maioria das cidades, como São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Recife (PE) e Niterói (RJ), diferenciando-se das entidades governistas e defendendo uma saída dos trabalhadores para a crise e uma segunda independência do país.

Em Campinas (SP), o ato reuniu cerca de mil pessoas e contou com uma coluna animada e combativa da Conlutas com cem ativistas. No fim do ato, o carro de som da Conlutas anunciou a queima dos bonecos do Lula e do prefeito Dr. Hélio (PDT), juntando grande número de populares, que apoiaram a iniciativa, cantando “Ô Lula, que papelão, o seu governo tá pagando mensalão”. O prefeito estava no ato e teve que sair de fininho. O PT, a CUT e as pastorais responderam à queima dos bonecos, dizendo no carro de som oficial que aquele era o ato do “sim ao Lula”.

Petistas também tentaram abafar o protesto em Vitória da Conquista (BA). Portando malas, cuecas recheadas de dinheiro, cartazes e faixas, os manifestantes organizados pela Conlutas seguiram até o palanque oficial, onde estavam o prefeito José Raimundo Fontes (PT) e atearam fogo na quadrilha do “mensalão”, em bandeiras do PT e num boneco de Lula. Do palanque, o prefeito mandou aumentar o som.

A Frente dos Estudantes de Santos (FES), ligada à Coordenação de Lutas dos Estudantes (Conlute), organizou seu primeiro protesto em uma das mais simbólicas praças de Santos, a da Independência. O ato contou com cerca de 50 manifestantes, na maioria estudantes, e bastante criatividade em cuecas de dólares, cartolas, faixas, bandeiras e cartazes. A juventude também esteve presente em Maceió (AL), no Grito dos Excluídos da Conlutas, no maior bairro operário. Entre os participantes, havia muitos secundaristas e universitários, entre eles estudantes de Comunicação, que realizavam um encontro na cidade.

* Colaboraram: Marcos Margarido (Campinas), Felipe Aron (Santos), Ana Lins (Maceió) e Rogério Castro (Vitória da Conquista)