Redação

Da redação

Bolsonaro se faz de valente, mas é um covarde. Afinal, o que dizer sobre um sujeito que rende homenagens a torturadores como o coronel Carlos Alberto Ustra, ex-comandante do DOI-CODI, órgão de repressão da ditadura?

A última foi no dia 8 de agosto, quando recebeu a visita de Maria Joseíta Silva Brilhante Ustra, viúva do torturador, no Palácio do Planalto. Na ocasião, o verme do PSL chamou o assassino de herói nacional.

Vamos deixar claro uma coisa: os torturadores, além de serem aberrações humanas, porque só um ser degenerado se presta a esse tipo de ação, são reconhecidamente os mais covardes servidores militares do Estado. Não são valentes soldados que enfrentam os inimigos como diz Bolsonaro. Ao contrário, torturam prisioneiros amarrados que não podem se defender, inclusive crianças. São estupradores de mulheres e de homens.

Os torturadores dos órgãos de repressão foram a escória humana que a ditadura militar recrutou para fazer o trabalho sujo de reprimir seus opositores. Ustra, o herói de Bolsonaro, foi um deles. O seu conceito de coragem é torturar prisioneiros indefesos. Bolsonaro, assim como qualquer torturador, não passa de um covarde.

Ustra torturou e assassinou homens, mulheres e crianças. É o caso da família Teles. Amelinha e César Teles era um casal de militantes do Partido Comunista. Eles sequer organizaram uma guerrilha contra a ditadura. Ustra pegou seus filhos, Edson Teles (4 anos) e Janaina Teles (7 anos) e os levou até as dependências do Doi-CODI, onde viram pessoas torturadas e seus pais machucados. Num primeiro momento, não os reconheceram. Eles ficaram ali durante um tempo sem a presença de nenhum parente e nenhuma pessoa conhecida, sendo utilizados como moeda de troca para que os pais pudessem falar o que os torturadores quisessem ouvir. O depoimento de Amelinha Teles pode ser visto aqui.

Gilberto Natalini, atual vereador pelo Partido Verde em São Paulo, também foi torturado por Ustra. Em depoimento publicado pela Folha de S. Paulo, ele contou: “O Ustra comandava as sessões de terror. Eu fui torturado pela mão dele e da equipe dele várias vezes. Colocavam duas latas de Neston [de alumínio], me faziam subir nelas, molhavam meu corpo com água e sal, ligavam fios em toda parte e disparavam os choques. Era a noite toda: choque elétrico e paulada nas costas, com uma vara de cipó, que o Ustra usava para me chicotear. Estou descrevendo uma das formas que eles adotavam, mas não me peça para narrar todas, porque é muito doído para mim. A tortura pesada durou mais ou menos um mês.”

Há muitos depoimentos das vítimas de Ustra na internet. Mas não foram só as vítimas que revelaram essas atrocidades cometidas pela ditadura. Os próprios agentes contaram detalhes sobre essa história. Um exemplo é o depoimento do coronel reformado do Exército, Paulo Malhães, ex-agente do Centro de Informação do Exército, que atuou em diversas missões de extermínio de opositores da ditadura. No depoimento que pode ser visto aqui, ele admite tortura, mortes, ocultação de cadáveres e mutilações de corpos.

Em 2008, Ustra foi condenado pelos seus crimes por decisão em primeira instância do juiz Gustavo Santini Teodoro, da 23ª Vara Cível de São Paulo. O coronel se tornou o primeiro oficial militar condenado em ação declaratória por sequestro e tortura. Infelizmente, Ustra morreu em 2015 sem pagar pelos seus crimes. Até hoje, a história podre da ditadura não foi passada a limpo para que todos os brasileiros conheçam os crimes cometidos naquele período.

Bolsonaro já mostrou que é a favor dos grandes empresários e banqueiros, submisso às multinacionais e a Trump. É amigo de miliciano, deseja transformar esse país numa colônia dos EUA e declara guerra social contra os pobres. Por isso elogia Ustra. É valentão com os oprimidos, mas totalmente servil e covarde com os poderosos, assim como seu ídolo.

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