Omar Ribeiro Thomaz
Jornal da Unicamp

Iniciativa reúne o Omar Ribeiro Thomaz, professor da Unicamp que estava no Haiti no momento do terremoto, e Eduardo Almeida, da Direção Nacional do PSTU, que visitou o país em dezembroA Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH -USP) sedia nesta quarta-feira, dia 24 de fevereiro, o debate “O terremoto do Haiti e suas consequências”. O debate terá início às 16h, na sala 110 da FFLCH e é promovido pelo Centro de Estudos dos Direitos da Cidadania (Cenedic), que reúne pesquisadores de diversas universidades.

O debate terá a presença do professor Omar Ribeiro Thomaz, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), da Unicamp, que estava no Haiti no momento do terremoto. Nos primeiros dias após a tragédia, Omar e o grupo de seis estudantes que estavam desenvolvendo um trabalho de campo no Haiti forneceram, relatos vivos e um olhar crítico sobre o que se passava na capital haitiana.

A partir do seu blog e de artigos reproduzidos na grande imprensa e em sites de sindicatos e partidos de esquerda, o grupo mostrou a ausência da ajuda internacional e o verdadeiro papel das tropas de ocupação.

Em entrevista ao Jornal da Unicamp, o professor revela que seu interesse pelo Haiti teve início em 1998, depois que viajou para contato com lideranças de movimentos sociais haitianos ligados ao tema dos direitos humanos. “Eles queriam saber como tinha sido a redemocratização no Brasil e o lugar dos movimentos sociais no processo. Fiquei absolutamente impactado”, assegurou.

O professor esteve de volta ao Haiti em 2000, 2005 e 2007, e revela que mudou depois que foi visitou pela primeira vez. “Nunca mais fui a mesma pessoa. O campo muda a gente. Eu gostaria que os alunos tivessem essa experiência e a transmitissem aos seus colegas após o retorno.” Ainda mais pela tragédia que presenciaram, a viagem certamente mudou cada um dos estudantes. Entre eles, estava Otávio Calegari, que é militante do PSTU e, de volta ao Brasil, participou de debates e palestras sobre o tema. O depoimento de Otávio sobre a experiência da viagem está disponível em vídeo.

PSTU contra a ocupação
No debate de quarta, estará Eduardo Almeida Neto, da direção nacional do PSTU, que retornou de sua segunda viagem ao Haiti em dezembro, menos de um mês antes da tragédia. Eduardo conversou com dezenas de ativistas haitianos, entre operários, camponeses e estudantes, que têm lutado contra a ocupação e contra os ataques do atual governo, em relação ao salário mínimo e às privatizações. O resultado dessas conversas foi publicado na forma das Cartas do Haiti, onde, diariamente, Eduardo enviava impressões sobre a viagem e a realidade que se apresentava.

Eduardo viajou a convite da organização Batalha Operária, que é uma das principais forças do país na luta contra a ocupação militar. Depois do terremoto, o PSTU tem feito parte da campanha de solidariedade operária com o Haiti, colocando sua militância nas atividades e esforços para arrecadar a ajuda financeira ao país. Essa campanha, organizada pela Conlutas, já enviou mais de 100 mil reais aos trabalhadores haitianos, através do grupo Batalha Operária. O dinheiro será usado para ajudar as famílias atingidas e para impulsionar a luta dos trabalhadores do Haiti.

DEBATE
“O terremoto do Haiti e suas consequências”.
Quarta, 24/2 – 16h, sala 110 – FFLCH-USP