O Uruguai viveu um dia de greve geral no último dia 7 de outubro. Trabalhadores das empresas públicas, dos bancos, indústrias, educação e saúde paralisaram quase totalmente suas funções por 24 horas. Já a paralisação no transporte foi parcial, enquanto que no comércio teve pouca adesão. A adesão ao protesto foi considerada grande, sobretudo em Montevidéu, capital do país.

A greve foi a primeira paralisação geral contra o governo de Frente Ampla encabeçado por Mujica, e foi produto da intransigência do governo na aplicação da “Reforma de Estado”, que inclui a Lei Orçamentária e o rebaixamento dos salários. A Reforma de Estado significa um ataque às conquistas históricas dos trabalhadores, onde se pretende liquidar a estabilidade no emprego e sucatear serviços públicos.

A Izquierda Unida de los Trabajadores, organização simpatizante da LIT-QI, deu todo seu apoio à greve e defendeu como bandeira o aumento geral do salário mínimo e das aposentadorias, além de chamar a luta contra a Reforma de Estado. Também chamou a construção de uma nova direção sindical para os trabalhadores.

A trava das direções
O protesto é sem dúvida alguma um passo adiante para um setor dos trabalhadores que vinham reivindicando a necessidade de unificar todas as lutas em uma só, reunindo assim os trabalhadores do setor público e privado.

No entanto, a direção majoritária do sindicalismo uruguaio tentou fazer de tudo para impedir que o protesto se enfrentasse diretamente com o governo. Por isso, a greve se realizou sob a vazia palavra de ordem de “redistribuição de riquezas”, sem atacar o plano econômico aplicado pelo governo em prol dos empresários – responsável pela concentração de renda no país. Tampouco se realizou a greve geral em um marco de plano de lutas nacional, que pudesse dar continuidade a luta dos trabalhadores.

O setor majoritário da na direção da PIT-CNT (Central Sindical uruguaia) buscou de todas as formas desmontar a greve na direção da central. Chegou a sair em defesa explicita de Mujica e da Frente Ampla, inclusive na imprensa uruguaia.

Contudo, diante do aumento crescente das lutas dos trabalhadores do país, expresso em inumeráveis conflitos, greves, ocupações etc., os sindicalistas pró-governo foram forçados a chamar a greve, mesmo que ainda tentasse salvar as aparências do governo.

No entanto, o próprio processo de luta dos trabalhadores dirá se a greve geral do dia 7 será apenas um abrir de válvula para a crescente insatisfação social (manobra realizada pelo sindicalismo governista) ou se será um ponto de inflexão para as lutas operárias no Uruguai.

A continuidade da luta é fundamental. Por isso, como afirma a Izquierda Unida de los Trabajadores, “é uma tarefa importante construir uma nova direção que consulte a base de forma permanente e leve adiante as medidas que forem decidas pelos trabalhadores.” .