Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos

Um crime de assédio contra os trabalhadores, sem precedentes em nossa categoria, ocorreu por volta das 11h30, nesta quarta-feira (20), quando dois disparos de arma de fogo foram realizados dentro das instalações da Jet Mak, empresa localizada no bairro Chácaras Reunidas, zona sul de São José dos Campos.

O autor dos tiros é o empresário e sócio administrador da fábrica Emerson Nunes Soares de Paula. Na denúncia encaminhada ao Sindicato por um dos funcionários da Jet Mak, há um vídeo (confira abaixo) em que é possível ver o momento exato em que Emerson dispara duas vezes, colocando em risco a vida dos trabalhadores. Ele foi autuado por porte de munição de uso restrito.

Assédio criminoso

No início da semana, os metalúrgicos da Jet Mak já haviam procurado o sindicato para denunciar o assédio praticado pelo dono da empresa. Com arma na cintura, Emerson ameaçava de demissão os trabalhadores que se mostravam insatisfeitos com os recorrentes atrasos de salários e vale-alimentação.

Na avaliação do advogado do Sindicato Aristeu Pinto Neto, a conduta do empregador tem todos os contornos do crime de redução à condição análoga a de escravo (Código Penal, artigo 149 – pena: reclusão de 2 a 8 anos).

Os tiros levaram tensão aos trabalhadores. Uma das testemunhas afirmou ter tido uma crise de pânico com o ocorrido, deixando o local às pressas. O motorista Eliseu Barbosa da Rocha, que estava próximo ao local, no momento dos disparos, falou sobre o que testemunhou.

Eu vim pegar o almoço quando ouvi dois disparos de arma de fogo dentro da fábrica. Também vi um rapaz abrir a janela, olhar para um lado e para o outro e fechar. Achei estranho. Pensei: vou sair fora porque é bem melhor”, disse Rocha.

O sindicato está protocolando representação no Ministério Público do Trabalho para apuração de caso de assédio moral coletivo na fábrica.

O diretor do sindicato José Dantas Sobrinho acredita que o ocorrido é reflexo da ideologia propagandeada pelo presidente Jair Bolsonaro. “O que vimos aqui hoje é um absurdo. É o assédio em outro nível. Os trabalhadores não podem estar sujeitos a isso. Este crime tem ligação direta com o empoderamento através das armas defendido pelo bolsonarismo”, concluiu.