No dia 7 de novembro, os professores da Universidade Estadual do Ceará (UECE) entraram em greve contra a intransigência do governo de Cid Gomes (PSB), apoiado por um leque de forças políticas que vão do PT/PCdoB ao PSDB. A greve se sustenta sobre a reivindicação de plano de cargos e salários, pagamento de piso dos professores – reivindicado desde 1986 e já ganho na Justiça – e assistência estudantil.

Cid Gomes, no dia 12, em audiência forçada pela mobilização de professores e estudantes, demonstrando sua natureza antipopular, declarou que, “só negocia com o retorno dos docentes às suas atividades normais”.

Qual é, afinal, a “normalidade” da UECE? Um dos piores salários das universidades estaduais do Brasil, déficit de professores, precarização do trabalho docente por meio da contração de substitutos, bibliotecas defasadas, ausência de assistência estudantil, estrutura física degradada, falta de apoio às unidades do interior do estado, crescente privatização, ataques constantes ao tripé ensino-pesquisa-extensão e permanente sonegação de verbas por parte dos governos estaduais.

Diante da postura autoritária do governo, a resposta foi uma maior unidade e intensificação da luta, confirmadas pelas assembléias posteriores e pelo apoio dos estudantes. Além disso, a Universidade Regional do Cariri (URCA) e a Universidade Estadual Vale do Acaraú (UEVA) estão em greve, fortalecendo a luta pela defesa do ensino superior público do Ceará. O resultado imediato foi uma passeata até a Assembléia Legislativa, no dia 20, e a conquista de uma audiência pública, no dia 23, que foi encerrada arbitrariamente pelo deputado Teodoro (PSDB), com o apoio do deputado Nelson Martins (PT), líder do governo e ex-sindicalista da CUT.

A greve das estaduais cearenses (UECE, URCA, UEVA), objetivamente, se choca com a política do governo Lula de destruição da universidade pública brasileira (ProUni, Reuni), traduzida e implementada na esfera estadual pelo governo Cid Gomes. Antes de ter um caráter corporativo, a luta dos professores e estudantes cearenses expressa um direito dos trabalhadores ao acesso ao ensino superior público e gratuito.

Por isso, é imprescindível a busca de apoio em outras categorias e setores sociais. Também, torna-se urgente um debate no Sinduece sobre a importância de sua filiação à Conlutas, no sentido de se aglutinar ao pólo sindical que enfrenta a orientação neoliberal do governo Lula.

Post author Raquel Dias e Frederico Costa, de Fortaleza (CE)
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