Secundaristas ocupam escola em Diadema (SP)
Redação

Desde o levante secundarista de São Paulo no final de 2015 uma gigantesca onda de lutas estudantis varre o país como há muitos anos não se via. Temos enfrentado a lógica burguesa de cobrar a conta da crise econômica dos trabalhadores e da juventude.

Essas mobilizações vêm na esteira do ascenso latino-americano contra os planos de privatização e precarização da educação. No Brasil, os secundas e universitários ocupam centenas de unidades de ensino.

É preciso parar o país
A indignação é grande contra os ataques que literalmente nos negam um futuro digno, mas também os nossos direitos no presente. Não à toa, há uma bronca grande com a democracia dos ricos, cada vez mais questionada como mostram os índices de abstenção nas eleições municipais.

Nesse cenário, é urgente que o movimento estudantil se junte à classe trabalhadora, que também segue protagonizando greves e paralisações envolvendo milhões de trabalhadores a cada mês, para construir uma greve geral. Se não pararmos este país, o governo do PMDB vai aprofundar os ataques que o PT já havia começado e os ricos explorarão e oprimirão ainda mais a maior parte da população, negros, negras, mulheres eLGBT’s.

Por essa razão, temos insistido que as lutas contra a reforma do Ensino Médio, o Projeto Escola Sem Partido, a PEC 55 (antiga PEC 241) e a série de cortes na educação necessitam ter um sentido comum, o de construir uma greve geral.

O nível de retirada de direitos não permite vacilações. A hora é de tomar as ruas, parar os principais setores econômicos, escolas e universidades.

UNE e UBES não falam em nome do movimento
Nesse cenário, se coloca a necessidade de discutir a coordenação dos esforços de milhares de ativistas no país. Se podia haver alguma dúvida do papel da UNE e da UBES como possível centro aglutinador do ascenso atual, os acordos traidores que as entidades têm feito com os governos de direita, a exemplo do Paraná, mostram que continuam a não merecer a confiança dos estudantes.

Durante os governos do PT, essas entidades sempre preferiram apoiar os poderosos em lugar de lutar com os estudantes. Por isso, as lutas começaram a passar por fora das entidades comandadas pela UJS. Agora, mesmo na oposição a Temer, o velho costume das conversas de gabinete com os de cima se mantém.

Persiste a necessidade de construir uma alternativa aos setores de direita tradicionais, mas também ao projeto petista, reivindicado até hoje por essa turma. Esse esforço iniciado por estudantes do país inteiro com a construção da ANEL precisa ser aprofundado no próximo período.

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Unir o movimento estudantil com os movimentos das quebradas
As ocupações de escolas deram voz a negros e negras não só na luta pela educação, mas também contra a violência policial e as péssimas condições de vida nas periferias das grandes cidades.

Esses mesmos jovens já vinham protagonizando lutas importantes nos últimos anos, no hip-hop, nos saraus e de outras inúmeras formas. Essa realidade se expressou inclusive dentro das universidades, com a luta por entrar, permanecer e enegrecer essas instituições tão afastadas da maior parte da juventude trabalhadora.

Temos os mesmos inimigos. O movimento estudantil deve se somar às Marchas da Periferia que acontecem no país até o final do mês de novembro.

25 é Dia Nacional de Paralisações! Dia 29, todos e todas a Brasília!
Esta data será um grande passo para construir a greve geral. A ANEL deve se juntar às iniciativas da CSP-Conlutas e jogar seus esforços para a construção pela base de um forte dia 25 nas escolas e universidades.

É importante também que se fortaleça a Caravana Nacional à Brasília no dia 29 de novembro, dia em que será votada em primeiro turno no senado a PEC 55 (antiga PEC 241). Nesta mobilização estará envolvida a juventude que hoje se mobiliza e ocupa seus locais de estudo na defesa de seus direitos e será um espaço importante para reunirmos cada estudante e jovem indignado com os governos que nos atacam para pensarmos juntos iniciativas de luta para o próximo período.

O movimento estudantil deve estar comprometido com esse caminho de lutas que apontam os milhares de jovens pelo país, e é nesse sentido que a ANEL deve se mobilizar para o desenvolvimento e a unificação dessas lutas para derrotar os ataques e os que nos atacam.

Greve geral contra as reformas de Temer! Fora Temer e fora todos que atacam a juventude e os trabalhadores!

Helena Martins, da Executiva Nacional da ANEL e Camilo Martin, da Juventude do PSTU