Maria Julia e Israel Luz, da Juventude do PSTU

Nos ônibus, trens, ruas e locais de trabalho e estudo, não se fala em outra coisa: Greve Geral.   Após o 8M, 15M e 31M, para o 28 de abril convergirão as esperanças de milhões de parar os ataques do governo aos nossos direitos.

A classe trabalhadora e o povo pobre resistem e nos enchem de coragem. E não só em nosso país: México, Paraguai, Argentina, Guiana Francesa…estamos testemunhando lutas contra a retirada de direitos no mundo todo. A juventude é um dos setores mais ativos, ao mesmo tempo em que é uma das parcelas da população mais atingidas pelos capitalistas.

Juventude em tempo de crise
Apesar de todos os empecilhos que são impostos no âmbito da educação e da formação profissional, muitos jovens têm sido obrigados a assumir parte ou até a totalidade do sustento familiar, suprindo a piora das condições de vida sofridas por toda a família. Como se sabe, muitas vezes é preciso aceitar as “oportunidades” existentes.

Os contratos de estágio são utilizados hoje pelas grandes empresas como uma forma de emprego de mão-de-obra barata e, consequentemente, como mais uma via encontrada pelos patrões de flexibilizar as leis trabalhistas para lucrar mais pagando menos. Estima-se que para cada 3 funcionários registrados há 17 estagiários. Na prática, operam na mesma quantidade de horas de trabalho (e exigência) dos efetivos, porém sem nenhuma garantia trabalhista. Esse desvio perverso encontrado pelas empresas também ocorre na fraude da contratação por regime de Aprendiz, que em tese é um programa visando a proteção e especialização do jovem, mas sabemos que não é o que ocorre hoje.

A terceirização também opera na mesma lógica e mais ainda com as recentes reformas. As atividades terceirizadas têm uma rotatividade enorme, 76,2% maior do que o setor não terceirizado, o que significa a aniquilação de qualquer tipo de garantia e estabilidade quanto à empregabilidade dos trabalhadores. Além disso, em 2010 apenas 31,3% dos terceirizados demitidos no estado de São Paulo conseguiram ser readmitidos em seguida; sem contar que o perfil destes trabalhadores “cortados” dos quadros das empresas é, em sua maioria, pessoas com ensino médio completo, de 18 a 29 anos de idade.[1]

Além de tudo, não há garantias adequadas pelas instituições de ensino em termos de permanência estudantil, e, portanto, não conseguimos atingir um “padrão de mérito e excelência” em nossos estudos e, acima de tudo, somos punidos e desmotivados por esse sistema hipócrita.

Para piorar esse cenário, sabendo que o jovem compõe em peso os setores de trabalho mais informais, isto é sem a carteira assinada e, portanto, sem contribuição para previdência – e, no caso dos terceirizados, mal chegam a completar um ano de contrato em uma mesma atividade -, é absolutamente irreal pensar que teremos 65 anos ao completar 49 anos de contribuição para o recebimento de 100% do valor da aposentadoria!

A pesquisadora Denise Gentil da UFRJ, no dia 3 de abril de 2017, ao falar sobre os impactos da reforma da Previdência para a juventude estimou que, se todos os novos critérios para o recebimento da aposentadoria forem aplicados em conjunto com o que se passa de fato na realidade, ao invés de 65 anos, vamos nos aposentar com, pelo menos, 72 anos! Como é que o governo acha no mínimo razoável impor essas metas, sendo que na Cidade de Tiradentes, por exemplo, a expectativa de vida média da população é de 54 anos!

Parece que Temer quer transformar a aposentadoria em verdadeiro auxílio funerário, pois é desonesto e ao mesmo tempo ignorante achar que o direito à aposentadoria seja alcançado ainda em vida pela população pobre e periférica.

Não é Lula 2018! É Greve Geral dia 28!
A unidade para lutar é uma necessidade imediata da classe trabalhadora. Colocar o calendário eleitoral à frente da luta contra as reformas é inaceitável. Infelizmente, vimos isso acontecer em março quando a Frente Povo Sem Medo e a Frente Brasil Popular tentaram fazer o dia 15 de março em São Paulo passar por um comício em defesa de Lula. Isso divide quem pode se mobilizar contra as reformas e por isso, não é só oportunista: é criminoso.

Além do mais, Lula e o PT não são salvadores de coisa nenhuma. Lembremos que os ataques aos direitos não começaram com Temer, mas com Dilma. Não foi por outra razão que saiu da presidência sem apoio popular.  Por 14 anos, o petismo no governo foi um entrave a pautas tão importantes quanto a descriminalização do aborto, a proibição da terceirização abusiva, reforma agrária em favor das populações ribeirinhas e indígenas e a promulgação da lei de combate à homofobia.

Se existe uma lição a ser aprendida pelos de baixo, é que só podemos confiar nas nossas próprias forças. Agora é a hora do revide! Vamos construir uma Greve Geraç dia 28 de abril, por meio de comitês e assembleias nas categorias de cada setor econômico industrial, rural e com a presença em peso dos estudantes secundaristas e universitários. Não vamos esperar até 2018! que a mudança venha agora e de forma independente, pelas mãos, suor e luta dos trabalhadores e trabalhadoras!

O Brasil precisa de uma revolução
A saída mais realista para a crise que o país vive passa por medidas radicais anticapitalistas que retirem os privilégios materiais dos ricos, atendendo às necessidades populares. Continuar o pagamento da dívida pública para os bancos imperialistas impede de garantir serviços públicos de qualidade, por exemplo. Tirar grandes empresas, como a Odebrecht e os bancos, das mãos de seus donos corruptos e pô-las sob a direção de seus trabalhadores também seria um passo importante, pois ajudaria a direcionar a riqueza de poucos para muita gente.

Mas aí alguém pode falar: “como fazer isso? Nenhum governo dos ricos vai trabalhar para tirar as fábricas, terras etc da burguesia”. É verdade. Daí vem a necessidade de um governo exclusivamente dos operário e do povo, sem a burguesia branca que comanda o país há séculos.

Para tanto, é necessária uma revolução que mude definitivamente nossa História. Basta de tanta exploração e opressão! O capitalismo não nos serve! Ousamos sonhar e construir um mundo socialista!

Fonte:

http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/04/1618710-analise-jovens-podem-ser-os-mais-prejudicados-por-mudancas-na-lei-de-terceirizacao.shtml

[1] estudo “A dinâmica das contratações no trabalho terceirizado” realizado pelo IPEA em 2010.