PSTU-Campinas

Desde o dia 29 de setembro, cerca de 450 trabalhadores da Unilever em Vinhedo (SP) estão de braços cruzados contra as demissões anunciadas pela multinacional. As 135 demissões fazem parte de uma reestruturação da empresa que prevê a terceirização de setores inteiros da Unilever na cidade.

O PSTU-Campinas conversou com Paulo*, há oito na Unilever, que contou sobre o anúncio das demissões e a mobilização dos trabalhadores.

Como está a situação na fábrica?
A situação na Unilever em Vinhedo está muito difícil. Os país de família estão sofrendo muito há mês com essa notícia aí de terceirizar 135 postos de trabalho e mandar esses pais de família para a rua. Pegou todo o pessoal de surpresa. No dia que deram a notícia, liberaram a gente pra estar indo pra casa numa sexta-feira e falar pra família, confortar a família que a gente ia estar desempregado, e na outra semana já iam fazer o remanejamento. Já ia colocar a empresa de terceiros e colocar os 135 pais de família na rua. Está todo mundo triste, todo mundo lutando para não terceirizar os trabalhos desses pais de família.

Qual o setor que a Unilever quer terceirizar?
Os setores afetados até o momento são todos. Mas eles querem terceirizar a logística, mas depois vem a cozinha, a produção… Portanto, eles falam em terceiriza a logística, mas na produção já estão pedindo auxiliar produtivo pra trabalhar na empresa também. E na área de processos estão querendo terceirizar, pondo vaga no jornal para esses empregos.

Por que ela quer terceirizar? A terceirização é boa para quem?
Essa terceirização aí é boa para os patrões né? Para o trabalhador não tem nada de bom aí não. É para eles se beneficiarem com mão-de-obra barata e irem escravizando o pessoal aí num trabalho pesado. É bom só para a empresa. Para o pai de família não tem nada de bom não.

Como começou essa greve?
A greve começou depois da notícia dada. A gente estava trabalhando durante a semana normalmente. Numa sexta-feira foi chamado o pessoal da manufatura, o pessoal da logística, de processos, todo mundo foi chamado e foi dado a notícia que vai terceirizar, que era pra confortar a família. No sábado pediram pra gente não vir trabalhar, porque a gente trabalha no sábado. Deram o sábado para a gente que foi para dizer pra família que a gente estava no olho da rua. Mas estamos aí na luta, todo mundo muito atento.

A lei da terceirização aprovada pelo governo ajuda a Unilever a terceirizar?
Sim, ajuda a terceirizar sim, não só a Unilever como outras empresas. Outras metalúrgicas, químicos… Decretaram essa lei e com certeza ela influi na terceirização no país inteiro.

Como está a greve?
A greve está muito forte, está todo mundo muito mobilizado. É muito diferente das outras greves porque essa greve agora é dos trabalhadores da Unilever da área da produção, de processos, de logística, está todo mundo junto, muito unido e comovido pela situação crítica que estamos todos passando. Estamos já no oitavo dia e estão todos muito firmes.

O que você acha da proposta de uma Greve Geral para derrotar as reformas trabalhista, da Previdência e as terceirizações?
É preciso sim. É preciso a gente fazer uma defesa, porque a terceirização é uma coisa que vem pra prejudicar o trabalhador. Tem que unir com outros trabalhadores, vamos lutar sim, todos juntos, porque isso é uma defesa do trabalhador e dos seus direitos e empregos.

*Nome trocado por questões de segurança