Bancários, petroleiros, trabalhadores dos correios, metalúrgicos e muitas outras categorias têm campanha salarial neste segundo semestre. É preciso ir à luta unificada e não rebaixar as reivindicações, para reverter o confisco salarial e o corte de direitos

`FotoCategorias de peso da classe trabalhadora brasileira têm data base neste segundo semestre e vivem uma situação de arrocho sem precedentes. A política econômica do governo Lula, que cumpre as determinações do FMI como fazia FHC, elegeu como “âncora” de suas metas o arrocho salarial. Banqueiros, empresários e governo – unidos – alegam que não é possível repor as perdas salariais pela inflação que ocorreu no último ano. Segundo eles, isso seria “inflacionário”, e propõem dar reajustes de acordo com a perspectiva de inflação futura. Os banqueiros, que tiveram lucro recorde neste ano, oferecem 9% de reajuste contra uma perda de 21%. Os empresários, além disso, continuam demitindo e exigem flexibilização de direitos. As empresas e bancos estatais, como Petrobrás, Banco do Brasil, CEF e Correios, que também tiveram lucros recordes, têm a mesma política salarial dos banqueiros privados e grandes empresários. A Petrobrás, por exemplo, que teve neste ano o maior lucro de toda a sua história, está oferecendo 6% de reajuste aos petroleiros. Sem dizer que tais empresas seguem precarizando e flexibilizando as relações de trabalho, conforme o manual neoliberal.

Os trabalhadores elegeram Lula porque querem mudanças. E, por isso mesmo, têm maior disposição de luta neste ano.

A direção majoritária da CUT, entretanto, na contra-mão do que querem os trabalhadores, tem tentado rebaixar as reivindicações das categorias, bem como não está trabalhando como é necessário para a construção de uma grande e unificada mobilização, que derrote a política de arrocho da patronal e do governo.

Nem bem estão sendo apresentadas as pautas de negociação e dirigentes da Articulação têm tentado apresentar pautas rebaixadas à patronal e direções das empresas. O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, por exemplo, queria pedir à Fiesp a média da inflação e não a reposição integral das perdas. Nos bancos oficiais, as perdas são maiores que nos bancos privados e, no entanto, a direção majoritária quer pedir menos do que as perdas dos bancários. Do mesmo modo, não há um esforço de construção de uma forte e unificada mobilização, mas tentativa de alguma pressão de baixa intensidade.

Há, entretanto, na base todas as condições para a construção de um grande movimento. Os bancários, por exemplo, têm realizado paralisações expressivas em São Paulo, surpreendendo a diretoria do sindicato e, inclusive, ultrapassando-a.

É preciso e possível construir uma grande mobilização unificada por aumento de salário, contra as demissões, por redução da jornada e contra a flexibilização de direitos.

Além disso, é preciso exigir que o governo rompa com o FMI e a Alca e suspenda o pagamento da dívida externa. Chega de fazer “caixa” para pagar a dívida com confisco salarial e de direitos dos trabalhadores.

Post author Dirceu Travesso,
do PSTU e da Executiva da CUT-SP
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