Milhares de trabalhadores da GM e da Volkswagen aderiram aos protestosNo dia 31 de maio, os trabalhadores da Volkswagen (VW) e General Motors (GM) realizaram importantes mobilizações. Ao todo foram mais de 31 mil trabalhadores que fizeram greve contra as demissões em todo o país.

Na GM, os protestos foram realizados em São José dos Campos, contra as 960 demissões anunciadas pela empresa. Os trabalhadores ocuparam a rodovia Presidente Dutra que ficou parada por cerca de 20 minutos. Participaram da manifestação cerca de 3.500 trabalhadores. Após a desocupação da rodovia, os trabalhadores saíram em passeata por cerca três quilômetros até a portaria da empresa e realizaram uma assembléia, onde votaram que as mobilizações serão intensificadas.

“Não vamos aceitar os cortes anunciados pela GM. A solução é reduzir a jornada de trabalho, sem redução de salário”, afirma o secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos de São José, Luiz Carlos Prates, o Mancha.

Na sexta, dia 2, os trabalhadores da GM paralisaram totalmente a produção. Com essa paralisação, o sindicato dos metalúrgicos de São José dos Campos, unificou na prática a luta dos trabalhadores das montadoras (Volks e GM). Depois de cruzarem os braços, cerca de mil metalúrgicos saíram em passeata em direção a refinaria Revap, onde o presidente Lula estava inaugurando uma nova unidade.

Na ocasião, foi formada uma comissão entre os sindicatos de São José dos Campos e de Taubaté que foram recebidos pela assessoria de Lula. Os sindicalistas entregaram uma carta ao representante da Secretaria Geral da Presidência, Hilário Cândido, e para o membro do Gabinete do Presidente, Sérgio Alvarez. O documento exigia que o governo intercedesse contra as demissões e garantisse a estabilidade no emprego dos trabalhadores.

Os assessores se comprometeram entregar a carta à Lula, e disseram que ele estudaria o assunto e daria uma resposta. Até o fechamento dessa edição, os sindicalistas ainda não tinham obtido nenhuma resposta do governo federal.

Já os metalúrgicos da Volks realizaram um dia de greve nas fábricas do ABC, Taubaté (SP) e em São José dos Pinhais (PR). Em Resende (RJ) e em São Carlos (SP) foram realizados protestos de um a hora. A VW prevê demissões de 5.776 trabalhadores. Com os protestos, a multinacional deixou de produzir 2.500 veículos. No ABC houve uma passeata na via Anchieta que seguiu pelo centro de São Bernardo do Campo encerrando a manifestação na praça da matriz.

Em Taubaté os trabalhadores bloquearam a via Dutra e houve enfrentamento com a polícia. Dois dirigentes sindicais foram presos. Em São José dos Pinhais, funcionários também fizeram passeata pelo centro da cidade.

Resultado dos acordos rebaixados
Em 1997 a fábrica da Volks no ABC, em acordo com o sindicato dos metalúrgicos, ampliou além do banco de hora já existente e o banco de dias. Segundo a direção (a Articulação Sindical) o acordo serviria para evitar 7 mil demissões. Luiz Marinho, na época presidente do sindicato e hoje atual ministro do Trabalho dizia “que o acordo era o melhor do mundo”. Nessa época a empresa contava com 26 mil funcionários.

Em 2001 a empresa afastou mais 3 mil funcionários. Logo após, um acordo foi realizado na Alemanha entre sindicato e a matriz da empresa, que demitiu 700 trabalhadores, muitos com doenças profissional.

A direção do sindicato sempre trabalhou com a lógica do mercado, exigindo investimentos e em troca aceitava a terceirização de várias áreas, manutenção do banco de horas, redução de 15% nos salários e redução do valor do adicional noturno.

Hoje fica claro que a política de parceria feita pelo sindicato apenas trouxe prejuízos aos trabalhadores e beneficiou apenas os patrões. Nesse período foram demitidos 14 mil operários, enquanto a Volks aumentou seus lucros no país e construiu – graças ao suor, o sangue e a brutal exploração sobre os trabalhadores – quatro novas fábricas.

Além de querer demitir funcionários, a empresa quer também implementar o retrabalho por falta de qualidade. Isto é, se um operário comete algum erro ao fazer uma peça, por exemplo, terá que fazer a peça depois do expediente sem receber nada por isso. Segundo o diretor do sindicato na Volks do ABC, e membro da oposição, Brandão a “empresa quer voltar aos tempos de escravidão, onde se trabalhava sem receber”.

É necessário exigir do governo que garanta a estabilidade no emprego para os trabalhadores das montadoras. Não é possível que o governo empreste R$ 497,1 milhões do BNDES para as empresas que estão precarizando o trabalho e cortando direitos conquistados com muitas lutas. Os trabalhadores devem exigir de Lula, que saiu do ABC para a presidência, e de Marinho, que foi trabalhador da Volks e hoje é ministro do Trabalho, o fim de seu apoio à empresa, para garantir a estabilidade no emprego de todos os metalúrgicos.

Continuar a mobilização
Apesar das diferenças que existem entre a Conlutas, a CUT e a Força Sindical, é fundamental a unidade de todas as forças para impedir essas demissões.
A Conlutas e o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos estão propondo uma luta unificada ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que até agora evitou de todas as maneiras essa unidade.
Os metalúrgicos da Conlutas estão propondo, além da mobilização conjunta entre os trabalhadores da GM e da Volks, que os sindicatos de todo o país se integrem nesta campanha, promovendo manifestações em frente às concessionários de ambas montadoras.