Desde o início de junho, o país vive uma nova situação da luta de classes, marcada pela ofensiva do movimento de massas. O primeiro grande momento dessa ofensiva se deu entre os dia 17 a 23 de junho, quando dois milhões de pessoas foram às ruas. Outro grande passo se deu com a greve do dia 11 de julho.
É muito importante ter isso em conta. A consciência de sua própriaforça é parte fundamental da relação de forças entre as classes. Se as mobilizações das  ruas de junho já entraram na consciência das massas como o seu primeiro passo, isso está em disputa em relação ao dia 11. Muitos inimigos buscam desqualificar a greve para evitar que os trabalhadores avancem mais. A imprensa burguesa conscientemente diminui a força do dia 11, ignorando as greves (o que foi marcante desse dia) e comparando só o número de pessoas nas ruas (ver página 10). Além disso, faz um ataque contra as centrais sindicais, colocando todas elas (as governistas e a CSP- -Conlutas) no mesmo balaio.
Essa visão burguesa para desqualificar a greve do dia 11 é acompanhada, infelizmente, por setores que surgiram nas mobilizações de junho e se autodefinem como organizações horizontalistas (como o Anonymous, por exemplo) e setores ultraesquerdistas (como a LER QI, que votou contra a greve no metrô em SP). Estes setores apoiam-se em críticas, muitas vezes justas, às centrais que apoiam o governo, para desqualificar a luta de milhões de  trabalhadores que são a base destas centrais. Acabam assim, inconscientemente, fazendo o mesmo papel da imprensa burguesa.
Do outro lado, existem burocratas sindicais que reivindicam a greve do dia 11, mas tentam desqualificar as mobilizações de rua de junho. Isso é um erro 
grave: o que começou a mudar o país foram as mobilizações da juventude de junho, que explodiram por fora de todos os aparatos, abriram uma
nova situação no país e obrigaram as centrais governistas a convocar a greve de 11 de julho.Não existe possibilidade de avançonas mobilizações sem que os rabalhadores e a juventude tenham consciênciade sua força, o que inclui tanto as mobilizaçõesde junho como a greve do dia 11.
 
Derrota do governismo
No dia 11, a direção nacional da CUT tentou proteger o governo Dilma. Primeiro tentou evitar a mobilização, masao ver que a greve sairia forte, foi obrigada
a convocá-la para não ficar de fora.
Depois, tentou fazer com que a mobilização incorporasse a proposta de plebiscito do governo. Sofreu outra derrota. Não conseguiu emplacar essa proposta
nem na base dos metalúrgicos do ABC, que dirige sindicalmente. Na manifestação unificada na Avenida Paulista, em São Paulo, o presidente da CUT, Vagner
Freitas, sequer fez uma defesa clara do governo e nem citou o plebiscito. A mobilização do dia 11 tinha uma pauta contra aspectos da política econômica
do governo, o fim do fator previdenciário e dos leilões do petróleo. As palavras de ordem gritadas nas passeatas era claramente contra Dilma. Os
governistas da CUT não conseguiram evitar que o dia 11 fosse uma luta contra o governo federal.
 
A crise do governo e do PT
Dilma viu serem derrotadas suas duas propostas políticas para responder à nova situação (Constituinte e depois plebiscito) por sua própria base governista no Congresso Nacional. Nesse momento, está enfraquecida por uma combinação complexa de fatores. A economia apresenta problemas
crescentes. A desaceleração segue, com queda na produção industrial em maio (-2%). Mesmo a indústria automobilística, que vinha crescendo, caiu em maio
(7,8%). Houve também uma queda do emprego (0,5%) em maio. A inflação e a carestia continuam crescendo. Em segundo lugar, a burguesia
não está mais tão unificada ao redor do governo. Com a queda na popularidade de Dilma e seu questionamento pelas ruas, um setor da burguesia começa a se afastar de Dilma. 
O governo reage a isso, girando sua política econômica mais àdireita. Aumentou os juros para 8,5% ao ano e reafirmou o objetivo de superávit primário de 2,3% do PIB em 2013. Isso é claramente contraditório com as promessas que faz, de atender as reivindicações das mobilizações de rua. 
Na verdade, Dilma está sinalizando que não abre mão da política econômica, para evitar perder sua base no grande capital, mesmo quando está diretamente questionada pelas mobilizações. 
Em terceiro lugar, o mais importante: pela primeira vez em décadas, as lutas dos trabalhadores estão passando por cima da CUT e do PT. Esses foram instrumentos fundamentais para canalizar as manifestações do Fora Collor para o apoio à posse de Itamar Franco, além de acabar com o movimento “Fora FHC e FMI” para centrar na eleição de Lula em 2002. Com os governos Lula e Dilma, a CUT e o PT foram essenciais para conter o movimento de massas. Esse freio ao movimento de massas não acabou, mas se enfraqueceu muito.
Mau sinal para Dilma. 

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