Com pouco mais de dois meses de ocupação, estudantes que tomavam uma sala de aula do campus da Unesp em Bauru (SP), ocuparam também o novo prédio da diretoria da faculdade, que acabara de ser construído. A radicalização do movimento ocorreu após o anúncio da reitoria de que o ponto de assistência estudantil seria retirado da reunião do Conselho Universitário, instância máxima de deliberação da universidade.

A inclusão do ponto na pauta do Conselho havia sido prometida pelo vice-reitor Razuk na primeira semana de ocupação. Com a volta do reitor titular, Trindade, de suas férias, a questão foi retirada sob argumentos completamente esdrúxulos. Trindade alegou que a comissão responsável por elaborar um estudo sobre o projeto não havia terminado seus trabalhos. Também disse que assistência estudantil era assunto para ser tratado no Fórum das Seis (órgão que reúne entidades sindicais das três universidades estaduais paulistas, além dos DCEs), e não no Conselho.

Vitória do movimento
Mesmo com manobra da reitoria, o movimento estudantil obteve uma vitória no Conselho realizado em Jaboticabal. Contrariando Trindade, o ponto foi incluso na pauta através do diretor do campus de Bauru. Tanto sua inclusão quanto o caráter de urgência com que foi pautado foram aprovados por unanimidade. A última votação ocorrerá na reunião do CO a ser realizado no Instituto de Artes, em São Paulo no mês de agosto.

Reivindicação antiga
A reivindicação pela construção dos blocos de moradia na Unesp de Bauru persiste desde seu surgimento, em 89, quando uma faculdade privada do município foi encampada pelo governo estadual. Apesar de ser o maior campus da universidade, a unidade de Bauru também é a mais deficiente na questão de direitos estudantis. Além de não possuir moradia, o campus também não possui restaurante universitário. Os campi de Presidente Prudente e Marília vivem também uma grave situação de precariedade. O número de bolsas auxílio é extremamente insuficiente para garantir a permanência de estudantes de baixa renda na universidade.

O sucateamento da universidade pública no país adquire contornos dramáticos na Unesp devido ao alto número de estudantes egressos da rede pública de ensino. A falta de estrutura compromete muitas vezes o bom aproveitamento do estudante e as desistências são freqüentes em todos os cursos.