Diego Vilanova e Jaqueline Trindade, de Presidente Prudente (SP)Após um primeiro semestre de muitas lutas nas Universidades Estaduais Paulistas (USP, Unesp e Unicamp), protagonizadas pelos estudantes, professores e funcionários, uma sucessão de greves e ocupações que tinham como foco central a luta contra os decretos do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), que atacavam a educação pública e colocavam em risco a autonomia universitária, não demorou muito para o governo estadual, por meio da Justiça, das Reitorias e da burocracia universitária, iniciarem as perseguições.

O caso mais gritante ocorre em Araraquara, interior de São Paulo, na Unesp, onde, no primeiro semestre, os estudantes ocuparam a diretoria da Faculdade de Ciências e Letras (FCL). Eles tinham na pauta de reivindicações, além da retirada dos decretos do Serra, assistência estudantil, contratação de professores e funcionários e fim das perseguições judiciais, políticas e administrativas. Para se ter uma idéia, a direção do campus proibiu, através de portaria, as panfletagens, os cartazes e as manifestações no interior da faculdade.

Mesmo com o comprometimento do reitor, Marcos Macari, de não dar seguimento aos processos judiciais abertos contra os estudantes em Luta, acordo firmado na “Carta de Araraquara”, no dia 15 de setembro, a justiça civil de Araraquara, através da Vara da Fazenda Pública, proferiu sentença condenando três estudantes ao pagamento de R$1.000 cada ou reclusão, num processo de reintegração de posse aberto pela reitoria da Unesp contra a ocupação. Dois deles são militantes do PSTU e ativistas do movimento estudantil.

Na ocasião do ato de desocupação, executado pela Tropa de Choque da PM paulista, não houve resistência por parte dos estudantes e, mesmo assim, o processo foi mantido. Estes fatos demonstram que o governo do Estado de São Paulo não sabe perder e não engoliu a derrota que o movimento estudantil organizado impôs às suas políticas neoliberais para a educação. Mais 90 estudantes permanecem indiciados e outros dois processos – um administrativo e uma sindicância – recaem sobre os mesmos.

Diante disto, é necessário que o movimento estudantil encampe esta batalha contra todas as formas de repressão e pela liberdade de organização e manifestação.

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