Leia o manifesto divulgado pelos petroleiros do PSTU

Enquanto os diretores da empresa, donos de empreiteiras e políticos famosos estão nas páginas policiais no Brasil, o mundo se encontra à beira de uma crise econômica, com a desvalorização do Rublo (moeda russa), a recusa da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) de segurar a produção e a entrada em cena do shale gas (xisto) estadunidense. Com isso, o preço das commodities (matérias-primas) vem caindo e, consequentemente, o barril de petróleo também.

Nem todos já chegaram à mesma conclusão, mas estamos na borda de uma crise econômica mundial profunda e abrangente. Em 2008, enfrentamos uma situação comparável a 1929 (a “Grande Depressão”, quando quebrou a Bolsa de Nova York), mas esta foi somente o anúncio de uma crise econômica.

Característica do sistema capitalista, a crise em si não foi superada, senão “empurrada com a barriga” pelos bilhões e bilhões de dólares injetados pelos governos no sistema financeiro para salvar os grandes capitalistas. Isso, à custa do aumento da exploração de milhões de trabalhadores e do sucateamento da infraestrutura dos países mais pobres e subdesenvolvidos do planeta. Ou seja, a piora das condições de vida de bilhões de seres humanos.

Agora, a crise volta com os mesmos sintomas de desemprego e inflação e está batendo na porta da casa dos trabalhadores em todo o mundo.

Os 400 mil trabalhadores (diretos e indiretos) da Petrobrás, que nada têm a ver com o lamaçal da alta administração da empresa, sofrem, além de todas as consequências nefastas ao povo brasileiro, o assédio moral, a tentativa de corte de direitos (como o devido pagamento de periculosidade e outros adicionais) e as demissões que já começaram nas empreiteiras, no prenúncio do encolhimento dos investimentos no setor.

Quem paga a conta?
Como fez FHC e outros presidentes, Dilma agora retribuiu aos seus financiadores de campanha (os mesmos de Aécio) e aos seus aliados (velha oligarquia política brasileira), muitos deles reconhecidos corruptos.

Nomeando ministros que representam banqueiros, industriais e ruralistas, o “novo” governo, antes da posse, já mostra a que veio: cortes nos serviços públicos, aumento de juros, aumento de preços da gasolina e ataques aos direitos trabalhistas. Como se não bastasse, já anunciou a venda de ações da Caixa Econômica e a continuidade dos leilões de petróleo e gás.

A Petrobrás, maior empresa da América Latina, continua sendo usada pelo governo Dilma como balcão de negócios, leiloando os cargos das diretorias com os aliados corruptos e contratos duvidosos com as empreiteiras financiadoras das campanhas.

Defender a Petrobras e o trabalhador brasileiro não é defender o governo!
É por isso que não podemos transformar a defesa da Petrobrás numa forma de blindar a direção da empresa e o Governo Federal, como fazem a FUP e a CUT. Por mais que grande parte dos petroleiros e da população em geral ainda vote no PT ou tenha votado na Dilma para barrar Aécio, está todo mundo de cabelo em pé com tantos bilhões roubados!

O PSTU sempre defendeu que entre patrões e trabalhadores não existem interesses comuns. Por isso, se um governo faz alianças e governa com empresários e banqueiros, nunca poderá ser aliado dos trabalhadores. É por isso que já passou da hora de a FUP romper os seus laços com o governo para poder levar a luta por uma Petrobrás 100% estatal até as últimas consequências.

Já a CUT e as outras centrais sindicais, no primeiro espirro da indústria automobilística, correm para oferecer ao governo um acordo que reduz salários e direitos, travestido de “proteção do emprego”.  Com isso, alivia os patrões das montadoras e outras indústrias, jogando mais uma vez a crise nas costas dos trabalhadores.

Os metalúrgicos da Volks de São Bernardo deram o exemplo, pois enfrentaram a direção sindical e recusaram esta armadilha que tira do trabalhador para engordar ainda mais as remessas de lucros das multinacionais.

Também é hora de darmos uma resposta através da luta, rompendo a barreira do sindicalismo rabo-preso. Precisamos exigir do governo e dos patrões que não haja demissão, que Dilma estatize sem indenização as empreiteiras que demitirem ou que estiverem envolvidas em corrupção, pois ainda vai sair barato pelo tanto que levaram dos cofres da Petrobras.

Dessa vez, que a burguesia – banqueiros, industriais, empresários e ruralistas milionários – pague a conta!

Estatização e Monopólio: O caminho para a verdadeira defesa da Petrobras
Recente editorial do jornal O Globo prega claramente contra a estatização total da Petrobrás, enquanto o próximo vice-governador do Rio de Janeiro quer alterar o regime de exploração do Pré-sal.

Infelizmente, Dilma (e tampouco Aécio) tem propostas e condições políticas para enfrentar de verdade estes representantes da carcomida direita. Pois, por um lado, aí estão misturados seus financiadores, aliados eleitorais e a própria base de sustentação do governo. Por outro, sua política, como no governo FHC, foi justamente realizar mais leilões, inclusive com uso das Forças Armadas para garantir a entrega do gigantesco campo de Libra. Partilha tampouco é solução, porque também significa venda de nossas reservas.

Acontece que os governos do PT e do PSDB, embora diferentes, implantam projetos muito parecidos e de acordo com a banca internacional e os mesmos grupos políticos de sempre. Apenas uma saída construída pelos próprios trabalhadores poderá levar a cabo reais mudanças.

Todo o petróleo e gás para uma Petrobrás 100% estatal sob o controle dos trabalhadores

–  Defesa da Petrobrás e de seus empregados

–  Demissão imediata de toda a direção da empresa

–  Eleições diretas e democráticas para a eleição da direção. Os trabalhadores devem escolher e controlar os gestores da companhia. Eleição direta e mandato revogável

–  Fim da terceirização.

– Estabilidade no emprego para todos os trabalhadores das empresas envolvidas nos escândalos, até o final de toda a investigação

–  Estatização de todas empresas envolvidas em corrupção ou que realizarem demissões

–  Volta do monopólio

–  Reestatização completa da Petrobrás sem indenização aos grandes acionistas

–  Prisão e confisco dos bens de corruptos e corruptores

– Estabilidade para fiscais de contrato e qualquer trabalhador que denunciar fraudes

–  Investigação rigorosa levada a cabo por movimentos sociais independentes de todos os desvios e suspeitas

– Transparência de verdade – acesso a todas as fases e valores dos contratos

–  Abertura da contabilidade de todas as empresas

– Diminuição do preço da gasolina e do gás de cozinha
 

Graça Foster e sua administração devem sair, mas os trabalhadores devem tomar em suas mãos o controle da empresa

Não queremos um grande empresário do mercado, como o cotado presidente da Vale, para chefiar a maior empresa do país, estatal que deve servir para o nosso desenvolvimento e não para exportar lucros.

Também não precisamos de uma diretoria para controlar as outras diretorias, pois isso não é garantia de nada, muito menos com um nome escolhido – mais uma vez – “do mercado”. O que queremos é colocar a gestão da empresa nas mãos de quem produz.

Chega de loteamento dos cargos de direção da Petrobrás e das outras estatais entre a base aliada do governo. Não basta eleger um representante dos trabalhadores no Conselho de Administração, é preciso que os gestores, em todos os níveis, sejam trabalhadores eleitos, e com mandatos revogáveis! Essa medida acabaria com os privilégios de puxa-sacos e amigos do rei, além de tirar a raposa de perto do galinheiro.

O que não falta na categoria são petroleiros honestos, competentes, com excelente formação, e que teriam orgulho de defender o patrimônio dos trabalhadores brasileiros. Assim, além de produzir, o que os trabalhadores fazem muito bem, eles também passariam a controlar a empresa de forma democrática.

Confisco dos bens dos corruptos e corruptores e prisão exemplar para todos eles
Os trabalhadores acompanham ansiosos os desdobramentos da Operação Lava-Jato, porque sabem que muitas “irregularidades” acontecem na empresa. Mas estamos também apreensivos pela possibilidade de tudo acabar em pizza. Estes ladrões milionários têm que pagar!

Mesmo que o improvável aconteça e todos peguem alguns anos de cadeia, sua fortuna, fruto da roubalheira e exploração, continuará quase intacta. Não pode passar na cabeça de nenhum governante autorizar que estas empreiteiras continuem fazendo contratos com a Petrobrás, outras estatais ou quem quer que seja. E não, a solução não é contratar outras multinacionais para o “Brasil não parar”.

Defendemos a estatização destas empresas para garantir as obras necessárias para o desenvolvimento do país e para diminuir o preço da gasolina e do gás de cozinha, beneficiando a população mais carente, bem como os empregos de milhares de operários e para acabar com a farra dos contratos superfaturados e conseguidos à base do suborno.

Por uma conferência nacional pela reestatização da Petrobrás
Acolhemos a iniciativa, já apontada por alguns sindicatos petroleiros, de realização de uma conferência nacional para organizar esta luta. Um fórum que reúna a FNP, FUP, todos os sindicatos e associações de petroleiros, mas também a CSP-Conlutas, CUT e todas as centrais sindicais e movimentos sociais, onde iremos discutir estas propostas e um calendário de mobilização.

Para isso, é fundamental que a FUP, que representa grande parte dos petroleiros e a CUT, que é a maior central sindical do país, priorizem a organização de base e a luta em detrimento de negociações de gabinete com governo e empresas. Sua prática atual, de calúnias contra a FNP, a CSP- Conlutas e o PSTU, além de não estarem surtindo nenhum efeito positivo para os trabalhadores, só atrasam a construção de uma iniciativa da classe trabalhadora, independente de patrões e dos governos, em defesa do monopólio e da Petrobrás 100% estatal, controlada pelos trabalhadores.

Petroleiros do PSTU – dezembro/2014