É um símbolo do país a diferença entre a brutalidade do tratamento da polícia (e do Exército) nas comunidades pobres e a “gentileza” da Justiça com banqueiros como Daniel Dantas.

Esses são momentos em que o caráter de classe do Estado aparece à luz do dia. A polícia e a Justiça são partes de um Estado burguês, que serve para a dominação de classe dos grandes capitalistas. O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, fica indignado com a possibilidade de que um banqueiro como Dantas passe uma noite na cadeia. O governo Lula, por outro lado, inspira a política de segurança aplicada no Rio e em várias outras partes do país, de extermínio nas favelas e comunidades carentes.

Juntos, Dantas, Naji Nahas e Celso Pitta já roubaram do país uma quantidade enorme e não divulgada de dinheiro, bilhões de reais. Estão soltos e protegidos por um batalhão de advogados e a cumplicidade do governo, da Justiça, do PT e do PSDB (ambos envolvidos nas falcatruas de Dantas).

Nos morros do Rio, os trabalhadores (em particular os jovens negros) têm de lutar contra os bandidos e a polícia. A diferença entre bandidos e polícia muitas vezes é apenas o uniforme. Os policiais se aliam a alguns bandos de narcotraficantes, formam milícias para cobrar proteção das comunidades e matam indiscriminadamente os jovens negros.

Lula foi eleito pela esperança do povo de que mudaria o país. E agora esse mesmo povo vê o Exército, enviado pelo presidente para o Rio, entregar três jovens para serem assassinados por um bando do narcotráfico.

O PT aplica exatamente a mesma política defendida no passado por Paulo Maluf e a ultra-direita, ou seja, aumentar o número de policiais, colocar as Forças Armadas na repressão, etc. Essa é também a mesma política defendida por PSDB e DEM.

Eles aplicam um plano econômico a serviço dos banqueiros e das multinacionais, que é responsável pela miséria do povo. E a miséria é a mãe da violência. Eles respondem com mais violência da polícia. A burguesia já demonstrou que é incapaz de resolver esse problema. É hora de testar outra política, a dos trabalhadores.

A solução não é fácil porque será necessário mudar tudo para enfrentar a violência, a começar pelo modelo econômico, acabar com a impunidade dos grandes ladrões (gente como Dantas, Nahas e Pitta), dissolver a polícia corrupta atual e criar uma nova polícia controlada pela população.