O coletivo Fortalecer a CUT apresentou um documento durante o Encontro, em que se posicionava contra a reforma mas se contrapunha à formação de qualquer Coordenação, ou Fórum para articular esta luta. Na defesa de tal posição diziam “É com esta condição que participaremos do Encontro Sindical de 13 e 14 de março em Brasília, convocado por entidades sindicais, em sua maioria filiadas à CUT. Vamos para contribuir no debate sobre o conteúdo da “Reforma Sindical” patrocinada pelo FNT e consideramos que propostas que possam surgir, devem ser submetidas à posterior apreciação das instâncias deliberativas das entidades filiadas e da CUT.” (grifo nosso).

Enfim, para os companheiros, as resoluções do Encontro deveriam ser submetidas às instâncias deliberativas da CUT.

Isto é um grave equívoco e esperamos que os companheiros revejam sua posição. A CUT está hoje não só burocratizada, mas atrelada ao aparelho de Estado. Isso significa uma força material (dinheiro do FAT, cargos no governo etc) que impede a possibilidade de uma vitória por dentro das “instâncias deliberativas da CUT”.
Hoje, tanto uma reunião da direção nacional da CUT, como uma Plenária ou mesmo o Congresso, caso fossem convocados, se pronunciariam a favor das reformas Sindical e Trabalhista. Não se trata de uma batalha de argumentos políticos, mas da luta contra o aparelho do Estado.

Essa posição dos companheiros significa reduzir a luta contra a reforma ao interior do aparelho da CUT, sem transformá-la em ações de massas.

Na sua defesa do indefensável, os companheiros confundiam a submissão às “instâncias deliberativas” da CUT (como expresso em sua nota) com a “batalha pela base da CUT” . Nós estamos plenamente a favor de dar uma batalha contra a reforma em todas as instâncias da CUT e, em especial, nos sindicatos. O problema é como dar esta batalha. Se a restringimos ao aparelho da CUT ou se a levamos às lutas.

Por exemplo, a proposta de uma Coordenação, defendida pela ampla maioria do Encontro (80 a 90% dos presentes) possibilita encaminhar unitariamente a preparação de atos de 1º de maio com os setores que estavam no Encontro. Isso favorece a disputa nos sindicatos e pela base da CUT. No mesmo sentido vai a proposta de um grande protesto em junho em Brasília contra a reforma sindical e trabalhista.
Iniciativas como essas favorecem a disputa pela base da CUT, em cada um de seus sindicatos, além de unificarmos a ação com setores que já romperam com a CUT ou nunca se filiaram a ela. Ou seja, não estamos propondo apenas que se faça uma discussão no interior da CUT, mas que possamos ir diretamente às massas e realizarmos ações, que seriam impossíveis de ser deliberadas, caso nos submetêssemos às “instancias deliberativas da CUT”.

Dessa maneira podemos lutar, em condições muito superiores, pela base da CUT.

Post author Eduardo Almeida Neto, da Direção Nacional do PSTU
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