Cerca de dez milhões de pessoas saíram às ruas contra a guerra.
Veja os principais atos.

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Atos contra Bush não param

Tom Lewis,
da International Socialist Organization (EUA)

Um dia após o estouro da guerra, milhares de norte-americanos tomaram as ruas em dezenas de cidades. Mais de 250 mil protestaram em Nova York, onde suas consignas expressavam a raiva contra Bush e a guerra: “Não mais sangue por petróleo“; “Não à guerra imperialista“; e “Troquemos nosso regime primeiro.“

Em Chicago, cerca de 15 mil marcharam pelo centro da cidade e participaram de um ato massivo de desobediência civil. Bloquearam as oito ruas de Lake Shore Drive, gritando: “De quem é a guerra? Deles! De quem são as ruas? Nossas!!“

A princípio os policiais foram forçados a ceder um passo aos manifestantes. Horas depois, começou a repressão. Primeiro detiveram os organizadores. Logo golpearam e arrastaram todos que podiam agarrar. Quinhentos foram encarcerados por 24 horas.
A intenção de assustar e intimidar o movimento anti-guerra em Chicago fracassou. No dia seguinte mais de dez mil voltaram às ruas.
guerra aos trabalhadores

Nos últimos meses, ativistas do movimento trabalhista haviam organizado uma oposição à guerra sem precedentes. Muitos sindicatos haviam declarado-se contra a guerra e, em janeiro, formaram um novo grupo, o Sindicalistas Norte-americanos Contra a Guerra.

Na massiva manifestação do dia 22 de março em Nova York, Dorothy Benz, do sindicato dos trabalhadores em comunicações (CWA), explicou como a guerra afeta diretamente a classe trabalhadora. “Gastar o dinheiro na guerra e não satisfazer as necessidades sociais é um crime“, denunciou. “A guerra contra o Iraque é a mesma guerra contra os trabalhadores daqui“.

O Sindicalistas de Nova York Contra a Guerra lançou uma bandeira no ato de 22 de março que dizia: “Os inimigos dos trabalhadores estão na Casa Branca e nas Grandes Corporações, não no Iraque!“

Em pé de guerra

Bush e sua manada de cães raivosos andam soltos, atacando tudo o que encontram na frente – o direito ao aborto, as liberdades civis, os direitos sindicais e a ajuda aos desempregados.

Enquanto Bush planeja taxar e privatizar a saúde e o seguro social, derrama milhões na máquina de guerra.

A mensagem que o movimento anti-guerra está mandando ao presidente Bush é que “estamos fartos de seus ataques contra nossos direitos e de sua guerra contra o Iraque“. E “estamos em pé de guerra!“. Há protestos para cada fim de semana de abril, e planeja-se uma marcha ao Pentágono no fim do mês.

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Greve geral contra a guerra

André Valuche,*

No dia 10, em uma decisão inédita, as centrais sindicais UGT e CGT realizaram uma greve geral no Estado Espanhol contra a guerra. Cerca de 70% dos trabalhadores pararam.

Diante do clima que comovia o país, a burocracia da UGT (ligada ao PSOE), não viu outro remédio do que convocar a Greve Geral. Porém, outra importante central, Comissões Obreras, se negou a convocá-la, em uma votação dividida abrindo uma crise interna. Dez mil dirigentes de Comissões declararam-se a favor da greve e as regionais de Madri e Asturias e várias federações decidiram não acatar. A greve foi fruto de uma onda de mobilizações que varreu o país.

No dia 30 de março ocorreram os protestos em frente as bases militares dos EUA. Em Torrejon reuniu 15 mil, apesar de uma forte chuva. Na base militar de Rotta, em Andaluzia, foi o maior da história, com 80 mil. Depois vieram manifestações nas cidades. Mais de um milhão ocuparam as grandes avenidas de Madri por três dias após o início do massacre. O governo reprimiu violentamente, ferindo 118, e a TV registrava a brutalidade da polícia que disparou balas de borracha e agrediu feridos.

Em Barcelona, as mobilizações também foram impressionantes, com cerca de um milhão. Centenas de milhares se mobilizaram em Andaluzia e cerca de cem mil em Galicia. Além dos protestos organizados, surgiam a cada dia iniciativas espontâneas.
Se os gritos nas manifestações eram “guerra não”, agora o que se ouve é “governo demissão”. A hipocrisia das instituições ficou nítida, pois o governo ignorou a maioria do povo. Uma das palavras-de-ordem que mais se ouvia era “chamam de democracia mas não é”.

Quando as manifestações passavam por uma sede do partido do governo, gritava-se “Assassinos demissão” e “Ilegalizar o Partido Popular”, e seus dirigentes não podem sair em público.

O processo de luta foi mais forte na juventude. Na Universidade Autônoma de Barcelona, um dos exemplos desta combatividade, levou mais de 150 mil jovens às ruas na greve da comunidade educacional. Assembléias com 30 mil, marchas de 20 km, e corte de tráfego era a realidade da maioria das universidades. Também nas escolas secundaristas foram inúmeros os comitês que organizaram manifestações, pararam o trânsito, recolheram abaixo-assinados, etc.

* Com informes do PRT – Izquierda Revolucionaria

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Úm país em ebulição

Luciano Dontero,
do jornal Onda Rossa

A mobilização contra a guerra começou na Itália muito antes do dia do ataque. Em novembro de 2002, em Florença, uma multitudinária manifestação de um milhão de pessoas (com participantes de toda a Europa e da América Latina), havia lançado um rotundo não contra a guerra.

Entretanto, as mobilizações não pararam, como queriam os donos do mundo. No mesmo dia do primeiro bombardeio sobre Bagdá, a Itália parou durante duas horas, em um chamado conjunto das três organizações sindicais – CGIL, CISL e UIL – que durante o último ano não haviam quase conseguido se falar. A CGIL empenhava-se em uma luta muito forte contra o governo direitista de Berlusconi, e CISL e a UIL insistiam em firmar acordos com o mesmo governo em troca de migalhas.

Em várias cidades a paralisação durou quatro, seis, oito horas, e até o dia inteiro. A partir da segunda quinzena de março, não há um dia sem alguma forma de paralisação, de protesto, de ocupação de escola ou bloqueio de estação de trem.
Novas mobilizações e greves estão sendo preparadas e no dia 12 de abril haverá uma manifestação nacional em Roma. “Paremos a guerra!“ será a sua palavra-de-ordem. Há tempo de parar o massacre de Bush-Hitler.

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Que se vayan todos

Os protestos contra a guerra prosseguem, tendo a juventude à frente. Atos acontecem ou de forma unitária ou convocados por cada organização ou partido. As principais mobilizações foram a que lembrou a campanha nas Malvinas – que este ano teve um caráter especial por causa da guerra – e o ato no aniversário do golpe militar.

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Os vizinhos se levantam

No Paquistão, mais de 300 mil se manifestaram em várias ocasiões. Na Indonésia, a nação com mais muçulmanos do mundo, mais de 200 mil saíram às ruas no dia 30 de março, na maior manifestação do país. Na Síria foram cerca de 1 milhão. Também houveram atos na Jordânia, Líbano, Bahrein, Palestina, Líbia e Marrocos. No Egito, 40 mil enfrentaram a repressão e mais de 500 foram presos.

LEIA NO ESPECIAL SOBRE A GUERRA
Direto de Londres, o dia-a-dia dos protestos

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