A revolta francesa é uma demonstração da desestabilização progressiva de um dos principais países europeus. Mesmo que a revolta seja sufocada agora, a radicalização só tende a aumentar.

Este processo de radicalização não começou agora. Em maio deste ano, o mundo se surpreendeu com o NÃO majoritário no plebiscito sobre a Constituição Européia. Naquele momento, os principais partidos (dos partidos tradicionais de direita até os socialistas) e a maioria absoluta da intelectualidade e dos dirigentes sindicais defenderam o SIM, mas as massas votaram NÃO. Com isso, colocaram em crise todo o projeto imperialista europeu, por se tratar da Constituição que define a União Européia.

Em julho passado, ocorreu uma greve-geral de um dia no país, acompanhada de atos que aglutinaram um milhão de trabalhadores nas ruas, contra o plano econômico neoliberal do governo Villepin.

Crise e polarízação crescentes
Agora, mesmo com a resistência da direção da CGT, que não queria de forma alguma jogar lenha na fogueira da crise atual, está marcada uma greve ferroviária, para o dia 21 de novembro, que pode ter grande importância.

A combinação entre uma economia estagnada, o aumento das lutas dos trabalhadores e as crises políticas dos governos está mudando a situação européia. As grandes mobilizações contra a guerra do Iraque em 2004 seguiram com lutas dos trabalhadores contra os planos neoliberais dos governos. Existem mobilizações metalúrgicas na Alemanha contra o plano de reconversão da indústria, assim como crises políticas seguidas do governo Berlusconi na Itália. Evidentemente existem muitas desigualdades de país para país, assim como a situação de toda a Europa ainda é bem mais estável que a América Latina.

Mas a situação européia é parte de uma mudança política mundial, diferente do que existia na década passada, em que imperava a ofensiva do imperialismo e sucessivas derrotas dos trabalhadores. Existe uma crise crescente do imperialismo, polarização social e política cada vez maior em todo o mundo, que atinge também a Europa. Isso acontece também nos EUA, onde a crise do governo Bush toma proporções crescentes.

Post author Eduardo Almeida Neto e Jeferson Choma, da redação
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