Estamos entrando em uma nova situação política internacional, que levará a mudanças bruscas e convulsivas em muitos países. As crises econômicas nem sempre geram ascensos revolucionários. Por vezes, pelo temor do desemprego, fazem com que as mobilizações sejam reduzidas.

Acontecem com muita freqüência crises políticas dos governos e dos regimes. Caso essas crises se combinem com grandes lutas dos trabalhadores, podem se abrir situações e crises revolucionárias.

Nesse momento, a recessão já se abriu nos países imperialistas. A primeira grande expressão produzida pela crise é a eleição de Obama nos EUA. Uma medida preventiva da burguesia para controlar o barril de pólvora em que está se transformando a principal potência.

Também há manifestações importantes. A greve radicalizada dos operários da Nissan, na Espanha, e a ocupação de uma fábrica de janelas e portas em Chicago, nos EUA, são exemplos a seguir. A generalização das lutas pode provocar mudanças importantes na situação de seus países.

Mas para isso, terão de se enfrentar com as burocracias sindicais dominantes. Basta ver o papel vergonhoso dos dirigentes dos sindicatos automobilísticos, que acompanharam seus gerentes para pedir dinheiro e oferecer perda de direitos no Congresso dos EUA.

Nas últimas crises, em geral os grandes ascensos ocorreram nos países semicoloniais. Essa realidade pode mudar no próximo período.

A China, um dos grandes símbolos da globalização, pode sofrer uma grande convulsão. A redução brusca no crescimento (deve baixar de 12% para 5% no último trimestre), acompanhado das tensões determinadas pela existência de uma ditadura, podem mesmo provocar uma explosão social nesse país.

Na América Latina, os governos de frente popular (como Lula, Tabaré Vasquez e Evo Morales) e nacionalistas burgueses (como Chávez), se aproveitaram do crescimento econômico. Agora terão que amargar a gestão de uma crise muito profunda, com o desgaste que isso pode significar.

A última crise econômica levou às insurreições e levantes no Equador (2000), Argentina (2001) e Bolívia (2003) que derrubaram governos. Mas a atual é muito mais profunda e pode ter desdobramentos convulsivos.

Assistiremos não só a crise dos governos, mas dos regimes. A democracia burguesa foi a base principal para a implantação dos planos neoliberais, mas agora vai encarar sua maior crise.

A tendência à polarização política entre revolução e contra-revolução, que já vemos na Bolívia, pode se estender ao resto do continente. Pode-se abrir espaço para revoluções vitoriosas, bem como para golpes militares.
A necessidade de uma terceira alternativa, independente dos trabalhadores, perante a polarização entre os blocos burgueses do reformismo e da direita será cada vez mais dramática.

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