Composição do parlamento após eleições

Os trabalhadores e o povo grego são a vanguarda de todos os trabalhadores da Europa. Suas contínuas greves gerais, manifestações em massa e agora o repúdio eleitoral à troika marcam um caminho de esperança para todos.

O agravamento da crise e a situação que antecede a bancarrota de vários dos países europeus não podem ser compreendidos sem a tenaz resistência dos trabalhadores e dos povos.

Na Grécia se vê o dilema para o resto da Europa. Ou os capitalistas serão salvos, ou serão os trabalhadores. Tal dilema será expresso nas próximas eleições gregas. Por um lado estarão os que chamam a “unidade nacional” exigida pela Troika, que vai manter o saque do povo. Por outro, é necessário que se apresente uma proposta de um governo da esquerda, recusando o memorando da troika, e que possa oferecer melhores condições para lutar por uma saída operária e popular à crise.

Não serão poucos os esforços para “domesticar” um eventual governo do Syriza e da esquerda grega. Não serão poucas as ameaças de apocalipse na Grécia, caso triunfe um governo que recuse aplicar o memorando e suspenda o pagamento da dívida.
Os capitalistas ameaçam jogar a Grécia pra fora da zona do euro e da União Européia mesmo que o próximo governo se submeta aos ditames da troika.

Cinicamente repetem que a saída do país da UE e do euro representaria “uma catástrofe”. De que catástrofe falam estes senhores quando são eles os responsáveis por desmantelar o país, condenar à fome e a miséria milhões de trabalhadores, rebaixando salários e aposentadorias, desmantelando a educação e a Previdência pública? De que catástrofe falam quando milhões de jovens não têm nem presente nem futuro?

A catástrofe é a situação atual. E mais catástrofe vai atingir o povo se seus recursos continuarem sendo enviados para pagar a dívida aos banqueiros e aos que desmantelaram a indústria da Grécia.

A UE e o euro não representam nenhuma unidade para os povos da Europa. O bloco e suas instituições estão a serviço de salvar o coração da indústria e das finanças européias (da França e Alemanha, especialmente) aprofundando a miséria dos países da periferia do bloco. A União Europeia é a Europa dos banqueiros, dos capitalistas e dos ricos.

A saída do euro originaria, sem dúvida, uma situação muito complicada de forma imediata. O que exigiria aplicar um programa de medidas radicais como a suspensão do pagamento da dívida, a expropriação dos bancos e das indústrias fundamentais e empresas de setores estratégicos, o monopólio do comércio exterior, além de medidas de urgência que suspendam todas as aprovadas pelos governos da troika para avançar num plano de recuperação do emprego.

Em que pese as inevitáveis pressões, a hostilidade e o boicote dos ladrões da troika, aplicar um plano como este seria o único caminho para acabar com a miséria dos trabalhadores e do povo.

Por outro lado, o enfrentamento com os capitalistas deve se sustentar na mobilização dos trabalhadores e do povo grego, em busca do apoio e da solidariedade dos trabalhadores do resto da Europa. Sem duvida, eles verão nessas medidas um verdadeiro modelo alternativo para sair da crise, um autêntico plano de resgate dos trabalhadores e do povo.

Uma saída para Grécia

Por uma frente que prepare um governo de esquerda que recuse o memorando e aplique um plano de resgate dos trabalhadores e do povo.

Pesquisas eleitorais mostram a possibilidade de uma vitória do Syriza nas eleições do dia 17. Por isso, há uma proposta de se criar uma Frente da Esquerda, encabeçada por Syriza com o KKE, Nova Esquerda e todos outros grupos de esquerda que ficaram fora do parlamento, como o Antarsya.

A responsabilidade de todas as organizações da esquerda grega – a começar pelo Syriza – perante os trabalhadores e o povo adquire uma dimensão histórica. Em suas mãos está a opção em consumar a vitória diante da troika conquistada no dia 6 de maio.

Os trabalhadores e o povo precisam impulsionar a conformação desta frente para que ela se organize com base em um programa de ruptura com a troika, de rejeição ao memorando e por um verdadeiro plano de resgate dos trabalhadores e do povo. Um governo da esquerda provocaria uma crise no conjunto dos governos do euro, abriria melhores condições para a luta e contaria, sem dúvida alguma, com a simpatia e o respaldo de milhões de trabalhadores de toda Europa.

As atitudes da direção de Syriza não aceitando, com justa razão, o memorando, mas alentando a falsa ilusão de que a troika aceitará a rejeição do mesmo sem expulsar a Grécia do Euro; defendendo medidas, mais do que justas, como a suspensão do pagamento da dívida, mas sem alertar que defender esta opção até suas últimas consequências leva à ruptura com a União Europeia, geram críticas e desconfianças reais no resto da esquerda sobre se Syriza se manterá firme ou acabará cedendo às pressões da troika.
No entanto, essas legítimas desconfianças e a exigência de firmeza ao Syriza quanto à rejeição ao memorando e à aplicação de um verdadeiro plano de medidas anticapitalistas, não pode servir de desculpa para negar a imperiosa necessidade de unir as forças de toda a esquerda opositora em torno da rejeição ao memorando e na necessidade de um plano de resgate dos trabalhadores e do povo. Por essa razão não se pode compartilhar da política da direção do KKE, que se nega a realizar esta unidade e aponta como única perspectiva o voto nos comunistas.

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