A grande burguesia aprende com seus errosUma das grandes diferenças entre a situação atual e a de 1929 é a ação dos governos imperialistas. Naquela época, o governo dos EUA deixou a crise correr, sem fazer nada para evitar a recessão. Agora, os governos imperialistas injetaram uma soma próxima a 24 trilhões de dólares na economia. Uma atitude inédita na história, que evitou a extensão da quebradeira dos bancos iniciada com o Lehman Brothers. Uma boa parte dos principais bancos do mundo foi salva da falência imediata, além de muitas outras grandes empresas industriais e comerciais que perderam dinheiro com a farra financeira.

No entanto, essa ação dos governos bloqueou a evolução natural da crise, com a queima de capitais e quebra das empresas. O outro lado da moeda é que continua existindo uma crise de superprodução, muitas empresas seguem existindo mesmo com grandes crises e a taxa de lucros não foi recuperada. Novos tremores podem explodir a qualquer momento.

Os grandes bancos usaram também esse afluxo de capitais para retomar o processo especulativo, usando os fundos públicos para novas aplicações. Existem novas ondas especulativas nas bolsas de todo o mundo (inclusive no Brasil).
Os reflexos na produção puderam ser sentidos no segundo trimestre de 2009. Existe uma recuperação parcial e conjuntural em alguns países imperialistas (Alemanha, França e Japão) e nos BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China). É provável que a economia dos EUA já apresente crescimento no terceiro trimestre deste ano. Estamos, portanto, perante uma recuperação parcial da crise no segundo trimestre de 2009, depois de uma queda livre nos dois trimestres anteriores.

Essa recuperação se deve em primeiro lugar às encomendas governamentais. Segundo a Folha de S. Paulo, nos EUA, “mais de um quinto da atividade econômica entre abril e junho teve como causa direta o gasto público, como o vinculado ao pacote de US$ 787 bilhões aprovado no início do ano pelo Congresso. A despesa estatal subiu 10,9% no trimestre.” O jornal ainda escreve: “os investimentos empresariais, maiores fontes para a criação de empregos em qualquer economia, também voltaram a cair, mas em ritmo bem menor. A queda foi de 8,9%, ante 39,2% no trimestre anterior.”
Como os governos estão atuando para sair da crise?

Além de entregar uma soma extraordinária aos bancos e grandes empresas, os governos estão enfrentando a crise com outros meios. Há um ataque brutal aos empregos e salários dos trabalhadores, simbolizado pelos acordos automobilísticos nos EUA, como os da GM e Chrysler. Na GM, 21 mil trabalhadores foram demitidos, os novos funcionários terão um terço dos salários atuais, e foram perdidos a aposentadoria e o seguro médico.

O plano para fazer os trabalhadores pagarem pela crise é rebaixar seus salários e direitos aos índices dos países semicoloniais. Os trabalhadores dos EUA passariam a receber como os do Brasil, os daqui como os trabalhadores da China, etc. Conseguiram dar um passo neste sentido com esses “acordos” da GM e Chrysler.

Nos EUA, já foram demitidos 6,7 milhões de trabalhadores. Junto com isso, aumentaram a produtividade (6,4% no segundo trimestre). Para isso servem os governos de grande popularidade, como Obama e Lula: fazer os trabalhadores pagarem a conta da recuperação.

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