Até este momento não está claro qual é a proposta de programa defendida pelo PSOL.

Nós defendemos que essa frente tenha um programa socialista, de ruptura com o imperialismo (a partir do não pagamento da dívida externa e interna), o fim das negociações da Alca e a defesa da soberania nacional. Defendemos que é preciso abraçar a luta do movimento Jubileu Sul pela auditoria e suspensão do pagamento das dívidas.

É preciso dizer não às reformas neoliberais, defender a anulação das privatizações das estatais. O programa deve ser anticapitalista, defendendo por exemplo, a estatização do sistema financeiro, porque não existe nenhuma maneira de responder às mínimas necessidades de salário, emprego, reforma agrária, sem romper com o capitalismo.

Existem setores no PSOL que defendem esta perspectiva. Outros defendem um programa “contra o neoliberalismo”, que aponta para um desenvolvimento capitalista apoiado no mercado interno.

Roberto Robaina, definido pelo PSOL como candidato a governador do Rio Grande do Sul, garantiu recentemente em uma entrevista a um jornal gaúcho que seu partido não será o “bicho papão” da livre iniciativa no Estado. Para ele, “existem pólos importantes como os setores calçadista e moveleiro, e uma matriz que precisa ser preservada em muitas áreas, valorizando a economia gaúcha”.

Esta é uma perspectiva equivocada, ainda nos limites do capitalismo, que era o programa tradicional do PT antes de chegar ao governo federal. O sistema capitalista hoje é dominado por grandes empresas multinacionais globalizadas, onde não existe sequer uma burguesia nacional de peso que possa dar apoio a um projeto como este. Ou se rompe com as grandes empresas e se aponta para o socialismo, ou se submete ao neoliberalismo. Por isto o PT, ao chegar ao governo e querer manter o capitalismo, teve que se render às grandes empresas multinacionais e aplicar seu programa.

Estes setores do PSOL também defendem a “democratização do Estado”, e não a ruptura com este Estado burguês. Quando o PT, que defendia a mesma coisa, chegou ao governo, não mudou em nada o Estado. Quem mudou foi o PT, que se adaptou aos mesmos costumes deste Estado, a começar pela corrupção. Não existe a possibilidade de uma reforma de um Estado que é controlado pelo grande capital. Ou se rompe com ele ou se é tragado, como foi com o PT.

César Benjamin é um dos defensores deste tipo de programa. Em seu texto mais conhecido, “A Opção Brasileira”, defende um projeto desenvolvimentista nacional e a democratização do Estado. Este caminho já foi trilhado pelo PT, e deu no que deu.
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