O governo Lula deu mais um passo em sua estratégia de controlar a CPI dos Correios. No último dia 15, o governo e a base aliada impuseram os nomes do presidente e do relator da Comissão Parlamentar de Inquérito.

Tradicionalmente, os dois cargos mais importantes de uma CPI são repartidos entre governo e oposição. No entanto, o governo Lula, já bastante fragilizado por causa das denúncias do “mensalão”, resolveu “passar o rodo” e eleger os parlamentares que irão coordenar a CPI. O governo teme que a CPI dos Correios traga à tona casos de corrupção em outros órgãos e estatais.

O presidente será o senador petista Delcídio Amaral (MT) e a relatoria ficará a cargo do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). Amaral já ocupou cargos na direção da Petrobras e pertencia ao PSDB até a eleição de Lula. Já Serraglio teve seus direitos políticos cassados por ter suas viagens financiadas pelo prefeito de Foz do Iguaçu, entre 1997 e 1998.

Nenhuma confiança no Congresso de picaretas
A definição dos principais cargos da CPI dos Correios encerra o primeiro ato do circo dos horrores da democracia dos ricos e poderosos. Um espetáculo que promete muito mais cenas de tragicomédia, como a de quando o picareta Roberto Jefferson chegou a dar lições de moral a outros picaretas como ele. Um Congresso liderado por Severino Cavalcanti, que já não poderia apurar até o fim o escândalo “mensalão”, agora, tendo dois governistas à frente da CPI, torna essa missão quase impossível.

Os deputados que integram as CPIs só investigam alguma coisa quando se sentem pressionados por uma forte mobilização popular. A história recente do país comprova essa tese. Foi assim com a CPI que investigou o esquema PC Farias. De outro modo, veremos mais uma denúncia de corrupção acabar em pizza. É preciso organizar uma investigação independente do Congresso e do governo, formando uma comissão investigativa que se apóie nos trabalhadores das estatais, advogados, juristas e jornalistas.
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