Gilberto Félix, servidor público e diretor do SINDPREVS-PR (sindicato dos previdenciários), esteve à frente da greve da Previdência. Rompeu com o PT e entrou no PSTU quando Lula apresentou a reforma da PrevidênciaCuritiba é considerada pela mídia uma cidade exemplar, o que você acha disto?

A Prefeitura tenta passar a imagem de uma cidade de primeiro mundo, de “capital social”, mas, na realidade, por volta de 140 mil pessoas estão abaixo da linha da pobreza. Desde a eleição do governo Lula o índice de desemprego subiu de 6,40% para 8,40%. Os servidores municipais amargam perdas de 176,70% desde o Plano Real. A Prefeitura pouco investe na área social. A administração afirma que o sistema de transporte em Curitiba é modelo, mas temos a maior tarifa entre as capitais brasileiras e, hoje, muitos trabalhadores têm de ir a pé até o seu local de trabalho. O prefeito Cássio Taniguchi governa apenas para os ricos.

Por que o PSTU apresenta um candidato?

Porque representa hoje a única alternativa de oposição de esquerda aos governos Lula, Requião e Taniguchi. Nossa candidatura pretende ser um instrumento que reflita os diversos processos de luta que vêm ocorrendo. Temos consciência de que só com a luta e com a organização dos trabalhadores é que pode haver mudanças.

É o exemplo da fábrica ocupada Diamantina Fossenase?

Claro, a Diamantina foi ocupada pelos trabalhadores porque eles estavam há meses sem receber salários e com o patrão roubando o seu FGTS. Com a ocupação os trabalhadores conseguiram manter seus empregos e mostraram que podem e devem assumir a gestão das fábricas. Lá, atualmente, são os 120 trabalhadores que decidem, em assembléia, como funciona a fábrica, e foi a partir de sua organização e luta que conseguiram expulsar o patrão, garantir seus empregos e a subsistência de suas famílias. Essa deve ser a política para o conjunto dos trabalhadores. Hoje, há muitas fábricas falindo, que também deveriam ser ocupadas. E não são somente as fábricas. Em Curitiba muitas pessoas só têm onde morar devido às ocupações urbanas, como Xapinhal, Vila Resistência, Vila Zumbi, Parolin e Pantanal.

Como será o processo eleitoral?

Todas as demais candidaturas representam a continuidade da atual gestão. Beto Richa (PSDB) é o vice-prefeito. Osmar Bertoldi (PFL) é apoiado oficialmente por Taniguchi. Mauro Moraes (PL) sempre esteve na base de sustentação do governo, bem como Rubens Bueno (PPS), sendo que seu candidato a vice foi secretário de Estado de Jaime Lerner. O candidato do PT, Angêlo Vanhoni, coligou-se com o PMDB, do governador Requião. Na coligação está também o PTB, que sempre votou com o prefeito.

Como está sendo feita a campanha do PSTU?

Nossa candidatura busca a unidade dos servidores que enfrentaram a reforma da Previdência, dos trabalhadores da Diamantina e de todos os trabalhadores, da juventude que luta contra a reforma Universitária e pelo passe-livre.
Estamos propondo não pagar a dívida de Curitiba, assim como defendemos o não-pagamento da dívida externa, o rompimento dos acordos com o FMI, a não-implementação da Alca e maior taxação aos ricos. Só assim conseguiremos reverter as verbas do país para as áreas sociais.

Post author Gilberto Félix, candidato à Prefeitura de Curitiba (PR)
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