Muitos defensores do regime castrista alegam que existe uma democracia popular em Cuba, diferente da democracia burguesa. Discordamos dessa opinião.
O regime cubano é uma ditadura que proíbe liberdades democráticas elementares como a organização de sindicatos independentes, greves, jornais autônomos, publicação de livros e até viagens a outros países.
Atualmente seria impossível existir legalmente uma entidade independente como a Conlutas em Cuba, ou um partido socialista de oposição ao regime. Não pode haver uma verdadeira democracia popular sem que os trabalhadores tenham o direito de formar sindicatos, organizar uma greve ou um partido independente do regime.
O caráter antidemocrático do regime cubano não é o resultado necessário de uma fortaleza socialista que se defende de uma agressão externa, mas sim uma ferramenta a serviço da política da cúpula castrista que restaurou o capitalismo e destrói as conquistas da revolução.
Por outro lado, a manutenção de um regime ditatorial em Cuba é uma garantia para os investimentos estrangeiros. Afinal, dificilmente trabalhadores cubanos do grupo empresarial espanhol Sol Meliá, ou da Etecsa, terão permissão para realizar uma greve por melhores salários.
Onde está o poder popular?*
Andando por Havana, topei com uma Assembléia do Poder Popular. Nessa época estavam sendo definidos os pré-candidatos que concorreriam, em chapa única, às eleições de julho.
Cada quarteirão tem um Comitê de Defesa da Revolução (CDR) que, longe de ser um instrumento da democracia popular, é um braço policial do regime para controlar o povo.
Os habitantes são coagidos a estarem nas assembléias, sob pena de ficarem marcados junto ao CDR e assim perderem seus empregos e suas casas.
No poder popular não se discutem nem as questões nacionais, nem os miúdos e concretos problemas do cotidiano de um bairro que está caindo aos pedaços (tema levantado por vários participantes). A assembléia terminou com a eleição de um delegado, votado por uma parte da plenária. Parte dos presentes não votou em ninguém.
*Trecho da reportagem Entre a fome e o ódio, de Ernesto Guerra, publicada no Correio Internacional n°67.
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