Prosseguiu no sábado dia 2 o Tribunal Popular Internacional da Dívida Externa, com duas sessões. Foram dezenas de depoimebntos prestados por personalidades do movimento social de vários países. Diante dos jurados e da platéia eles expuseram as razões para que a dívida dos países pobres seja cancelada.

Alguns depoimentos foram chocantes, como o da representante de Angola, que fez uma forte denúncia da “dívida militar” (contraída para bancar os gastos da prolongada guerra civil no país). É uma das situações mais absurdas que pode existir, a dívida que Angola é obrigada a pagar foi feita em nome da destruição quase completa do país, afirmou a representante angolana, que pediu o cancelmaneto da “ilegítima e odiosa dívida.”

Também houve um interessante depoimento sobre a dívida externa da África do Sul, que foi feito através da exibição de um vídeo. O documentário mostrou como o governo do apartheid da minoria branca, que durou até 1994, endividou o país com o aval dos bancos suíços, mesmo quando o país estava sob fortes sanções da ONU.

O interessante é que o vídeo não poupou críticas aos governos do CNA (partido de Nelson Mandela), que continuam a pagar a dívida e a aplicar duros planos econômicos sobre a população mais pobre, composta esmagadoramente pelos negros.

Ao final não havia mais dúvidas: o veredicto unânime do tribunal é pelo imediato cancelamento das dívidas externas dos países do chamado 3º mundo.

Personalidades criticam social-democracia

O primeiro dia do 2º Fórum Social Mundial foi marcado, mesmo nas Conferências oficiais pela crítica e o reachço a Alca e pela presença do intelecutal norte-americano Noam Chomsky, crítico implacável da política imperialista dos EUA.

Mas também começaram a ganhar destaque as polêmicas públicas contra os setores que querem moderar a cara do Fórum. A líder das Mães da Praça de Maio (movimento das mães que tiveram seus filhos desaparecidos pela ditadura militar argentina entre 1976-1982) criticou a “invasão” de social-democratas no Fórum Social. Hebe afirmou que “o Fórum está começando a deixar de lado a discussão e a referência no socialismo para aceitar uma agenda mais conciliadora com a globalização”.

Na verdade, essa disputa de perspectiva está aberta desde a preparação do Fórum e agora está se materializando através das inúmeras oficinas e seminários que estão se contrapondo ao curso de conciliação que a direção do Fórum Social quer impor a esse movimento.