A entrada no conflito armado direto do Exército de Mehdi, dirigido por Moktada Al Sadr, um clérigo xiita filho de um famoso aiatolá, assassinado por Saddam Hussein, mudou o panorama da resistência. Agora há uma insurreição nacional de norte a sul, expressa nas palavras de Al Sadr: “Eu me dirijo a meu inimigo Bush. Você combate agora toda uma nação, do sul ao norte, de leste a oeste, e nós te aconselhamos sair do Iraque! Chamo a América a não se opor à revolução iraquiana!”

Até abril havia dois tipos de resistência: uma de caráter militar, em que parecia predominar o setor sunita; e outra em forma de protestos de massas, expressa nas mobilizações, sobretudo do setor xiita, que foi discriminado política e economicamente pelo regime de Saddam. Durante algum tempo, a resistência militar e a maioria dos guerrilheiros eram de origem sunita. Dirigentes curdos como Jalal Talabani e religiosos xiitas, entre eles Al Hakim, vinculado ao governo iraniano, aceitaram fazer parte do conselho de governo fantoche, colaborando com o imperialismo. No entanto, no setor xiita, que compõe 60% da população iraquiana, sempre houve protestos de massas contra os efeitos da ocupação, como o desemprego e a repressão. Mas os apelos da direção à calma ainda mantinham essas camadas da população afastadas das ações militares contra o invasor. O mais respeitado ayatolá xiita, Ali Sistani, embora criticasse a ocupação, pedia moderação, buscando afastar a base xiita das guerrilhas contra o invasor.

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