A primeira questão que divide águas na Bolívia hoje é a atitude em relação ao novo governo Meza. Ao comemorar a saída de Goni e ao ver suas direções apoiando-o, há uma primeira fase de certa expectativa, como mostram algumas pesquisas. Mas Meza está obrigado a seguir aplicando os planos de entrega, ainda que deva negociar muito mais com as direções dos movimentos de massas devido à sua fraqueza.

Depois de afirmar que “não queria nem vingança, nem esquecimento apenas castigo” já está tratando de evitar via Congresso de maioria oligárquica, qualquer julgamento de Goni, dos ministros e militares assassinos da população, e mandou reprimir uma ocupação de terras de propriedade da família de Goni (a fazenda Collana) e de um ex-ministro odiado por ter ordenado a repressão, Sanchez Berzain.

O primeiro ponto de um programa para a revolução boliviana é explicar seu caráter aos trabalhadores e ao povo e chamá-los a não depositar Nenhuma confiança em Meza e seu governo.

Em segundo lugar é preciso dizer: Nada de trégua!, imediato atendimento das reivindicações: gás para os bolivianos, expropriação dos gringos que tomaram as riquezas do país, suspensão do pagamento da dívida externa, fim da erradicação da coca, terra e território, expropriação dos latifúndios, Expropriação em primeiro lugar das terras dos oligarcas que mandaram reprimir o povo. Por um plano de obras públicas que garanta trabalho para todos.

Para conquistar essas reivindicações é necessário e urgente que a COB proponha uma plano de lutas, chamando as demais organizações a também encaminhá-lo. Desenvolver junto com essas organizações e como propuseram os dirigentes de El Alto, centralizar na COB os organismos que estiveram à frente da insurreição.

Além disso, é preciso exigir punição a todos os culpados pelos assassinatos; livre sindicalização das Forças Armadas para que a base organize-se contra a cúpula e possa impedir que estas sejam armas de repressão contra os trabalhadores e o povo.
Ao mesmo tempo, para impedir que novamente se faça a repressão impunemente, é preciso avançar na organização de comitês de autodefesa nas comunidades, centralizados na COB, reorganizando assim a milícia operária que a COB tem seu estatuto.

É necessário desenvolver mais e mais os organismos de base no campo, bairros, em torno à COB e chamar a que expulsem a burguesia e o imperialismo do controle das riquezas.

E é necessário exigir das direções com peso de massas, como Solares, Evo Morales, Mallku, que rompam com a burguesia e com a democracia burguesa colonial e assumam sua responsabilidade. Que os trabalhadores organizados na COB à cabeça de todos os setores explorados assumam o poder político.

Por um governo da COB e organizações populares, com Evo, Solares, Mallku.

Post author José Weilmovick,
da revista Marxismo Vivo
Publication Date