Presidente não sanciona projeto que equipara salário das mulheres ao dos homensNa semana do Dia Internacional da Luta da Mulher, a Comissão de Direitos Humanos do Senado aprovou por unanimidade o Projeto de Lei (371/11) que visa equiparar o salário das mulheres ao dos homens que exercem a mesma função, prevendo ainda uma multa de até cinco vezes a diferença salarial para a empresa que não cumprisse a lei.

O projeto foi apresentado pelo deputado federal Marçal Filho, do PMDB-MS, base aliada do governo Dilma, e teria um prazo de cinco dias, caso algum parlamentar quisesse entrar com recurso, para então seguir para a sanção ou o veto da presidente. Se o recurso acontecer a proposta tem que ser votada em plenária. Instalou-se um clima de comemoração, em meio ao qual o deputado, ao ser questionado se algum senador entraria com o recurso, afirmou: “acho que não, ninguém vai querer comprar briga com as mulheres”. O projeto seria sancionado por Dilma no dia 13 de março, numa solenidade em homenagem ao dia da mulher.

No entanto, no dia 9 de março, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), encaminharam o projeto para a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) afirmando que ele estava “mal-redigido” e poderia gerar muitas demandas judiciais. O que ocorreu, na verdade, é que os empresários de todo país reagiram massivamente contrários ao projeto e ainda afirmaram que tal medida poderia resultar na redução de vagas para as mulheres no mercado de trabalho. A base do governo parece dividida, pois parte está sem entender o porquê do projeto voltar ao plenário, já que ele já passou por lá e foi e analisado por diversas comissões.

Fica claro que lado o governo escolheu. As mulheres correspondem a quase metade da classe trabalhadora, ganhando até 30% menos que os homens, cumprindo ainda o papel de dupla-jornada, já que ao chegarem em casa, ainda têm que lavar, cozinhar e cuidar dos filhos. Essa cultura disseminada de que as mulheres nasceram detentoras naturais dos afazeres domésticos isenta o Estado de cumprir com o papel de construir creches, restaurantes e lavanderias públicas e desobrigar as mulheres de mais esse trabalho.

Hoje temos uma mulher na direção de nosso país, um fato inédito, mas Dilma governa para burguesia e não para os trabalhadores. Fato que ficou comprovado com mais esse ataque às mulheres trabalhadoras. Dilma preferiu ficar do lado dos empresários do que melhorar as condições de vida das mulheres trabalhadoras, mantendo a opressão e difusão de que a mulher tem que ganhar menos exercendo o mesmo cargo que um homem.

Dessa forma Dilma Roussef e sua base de governo deixam um presente de grego para as mulheres nesse 8 de março e um importante recado: para estar dos lados das mulheres não basta ser do mesmo gênero, é preciso fazer uma opção de classe e lutar por ela!