Diante da perspectiva de uma crise econômica no país, com seu primeiro reflexo na inflação dos alimentos, o congresso aprovou uma plataforma de reivindicações contra a inflação e os ataques à classe trabalhadora. O plano de lutas passa, entre outros pontos, pelo gatilho salarial, com reajuste automático dos salários de acordo com a inflação e o congelamento dos preços.
Além disso, a plataforma de lutas coloca reivindicações como a redução da jornada de trabalho, o fim do banco de horas e a reforma agrária.
É preciso aqui apontar um plano que unifique as campanhas salariais no próximo semestre, ligar as questões específicas às lutas contra a política econômica do governo Lula e o imperialismo, defendeu Fábio José, dirigente da Conlutas do Ceará e dirigente do PSTU. Eu sou Conlutas, sou radical, não sou capacho do governo federal, responderam os delegados em coro.
Socialismo
As lutas imediatas e salariais são importantes. Todas as conquistas, porém, são dribladas pela inflação e pelos ataques aos trabalhadores. Por isso, os delegados decidiram que a Conlutas terá o socialismo como estratégia. Temos que construir uma direção socialista, não o socialismo só do discurso, ou o socialismo descolado da luta de classes, mas aquele ligado à luta concreta dos trabalhadores, defendeu Atnágoras.
Enquanto a burguesia continuar dominando, qualquer conquista, por mínima que seja, será revertida, afirmou Mauro Puerro, dirigente da Oposição Alternativa da Apeoesp e militante do PSTU. Unir as lutas com a estratégia socialista, essa é a vocação da Conlutas, reafirmou.
Internacionalismo
Com relação à conjuntura internacional, o congresso aprovou um programa antiimperialista que, entre outras resoluções, exige a retirada das tropas imperialistas do Iraque e do Afeganistão, assim como o fim da ocupação militar liderada pelo Brasil no Haiti.
Uma das principais votações de conjuntura internacional foi sobre os governos da América Latina. O governo Chávez não é um governo antiimperialista, mas um governo burguês que tem atritos com o imperialismo, defendeu Fábio Bosco, dirigente da Oposição Nacional Bancária e militante do PSTU.
Os delegados aprovaram não votar um posicionamento da Conlutas a favor ou contra Chávez e Morales, levando a discussão à base e aprofundando o debate sobre a natureza desses governos.
O congresso aprovou, porém, a total independência da Conlutas frente a qualquer governo e o apoio irrestrito às lutas dos trabalhadores do continente. Os ativistas também aprovaram uma ampla campanha contra a dívida externa e interna. Te cuida, te cuida, te cuida imperialista, a América Latina vai ser toda socialista, entoaram os delegados após a votação.
Classismo nas eleições
Outra importante definição do congresso se refere às eleições municipais de 2008. O congresso aprovou resolução que indica aos trabalhadores o voto nos candidatos classistas de oposição ao governo Lula. A resolução aprovada também propõe oferecer aos candidatos da classe o programa e a plataforma de reivindicações e de luta que a Conlutas defende.
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