Mobilização de massas no dia 2 de março em Portugal

A realização do Encontro Internacional Sindical, entre os dias 22 a 24 de março em Paris, pode ser um passo adiante muito importante na articulação internacional do sindicalismo alternativoTrata-se de um momento que deve ser acompanhado por todos os ativistas que entendem a importância de uma resposta internacional articulada dos trabalhadores. Com o domínio das burocracias sindicais e reformistas, as mobilizações têm muitas vezes dificuldades para atingir um alcance mesmo nacional. Assim, é muito mais difícil enfrentar as multinacionais que fazem chantagens ameaçando transferir sua produção para outros países. Conseguir uma articulação internacional era ainda mais difícil e limitado. As centrais sindicais internacionais são ligadas à social-democracia ou a algum aparato stalinista, e ajudam a bloquear as mobilizações.

Em 2012, ocorreu pela primeira vez na história uma greve geral europeia com peso maior em Portugal e Espanha, mas gerando mobilizações em vários países europeus. As burocracias sindicais dirigentes desses países utilizaram essas mobilizações para conseguir desbloquear as negociações com os governos existentes nesses países, sem nenhum compromisso de continuidade na luta. Mas existiu um exemplo internacionalista para os trabalhadores de todo o mundo.

Isso dá mais importância ainda para a realização desse encontro no coração da Europa, em um momento em que as lutas se reaquecem com a greve geral na Grécia, a mobilização gigantesca realizada no dia 2 de março em Portugal, assim como as manifestações de peso na Espanha convocada para 16 de março.

Existe já em curso um importante processo de reorganização em muitos lugares ao compasso da experiência que vai sendo feita com as burocracias sindicais colaboracionistas. O encontro internacional deve reunir representações de 30 países, com um peso desigual de região para região. Mas o que pode se verificar desde já é que não se trata das direções majoritárias do sindicalismo destes países (hegemonizada pelas burocracias), tampouco de setores marginais. Em geral, são representações de sindicatos importantes em cada um desses países, ou de articulações do sindicalismo alternativo com algum peso.

Não é por acaso que o Encontro tenha sido convocado pela CSP-Conlutas do Brasil e pelo Solidaires da França, duas expressões de importância na reorganização sindical desses países.

Do Estado Espanhol vão estar presentes representantes de grande parte do sindicalismo alternativo como Cobas (Comissões de Base) de Madrid, a CGT (Central Geral dos Trabalhadores), Intersindical, assim como do sindicalismo das nacionalidades do País Basco e da Catalunha. A articulação dessas correntes possibilitou um ato de 60 mil pessoas em Madrid na última greve geral europeia.

Da Inglaterra, participarão do encontro membros da direção do RMT, o sindicato nacional de transporte, que tem impulsionado lutas juntos com outros países europeus. Também da Inglaterra participará uma representação da TUC Merseyside que, ao lado do RMT, está promovendo conferências para unificar o ativismo um plano de luta com chamados a greve geral no país. Da Itália vão membros do “No Austerity”, recém-fundada coordenação do sindicalismo alternativo, que inclui algumas das lutas mais importantes do país. Virão representantes de sindicatos do Egito, Tunísia e Marrocos, expressando outro pólo das grandes lutas que sacodem o mundo no Norte da África e Oriente Médio. Da América Latina, além da CSP-Conlutas estarão representantes do Paraguai, Peru e Chile, estando em discussão a presença também dos mineiros bolivianos.

Temas de suma importância estarão na pauta. O mais importante tem a ver com a construção ou não de uma rede internacional de articulação do sindicalismo alternativo. Essa rede pode ter importância para a efetivação da solidariedade em cada uma das lutas nacionais em cada um de nossos países. E poderia também incorporar campanhas políticas comuns onde exista acordo. Pode servir de pontos de apoio e atuar em segmentos dos trabalhadores com peso de massas como transportes, mineiros e outros setores onde esses sindicatos estão já implantados. O caso recente da mobilização da GM, em São José dos Campos, onde houve uma articulação de sete países para apoiar a luta dos metalúrgicos é uma mostra do que pode ser encaminhado pela rede a ser formada.