Passeata contra a Alca, no Fórum de 2003
Diego Cruz

Em Porto Alegre, entre 26 e 31 de janeiro, se reunirá pela quinta vez o Fórum Social Mundial (FSM). As edições anteriores no Brasil tiveram uma crescente participação. Pelos números oficiais, a primeira, em 2001, reuniu 16 mil pessoas vindas de todo o mundo, a segunda, 50 mil pessoas, em 2002, e a terceira, cerca de 100 mil em 2003. A quarta edição, em janeiro deste ano, foi realizada na Índia.

O Fórum se apresenta como alternativa ao neoliberalismo. Não por acaso, foi articulado como uma contraposição ao Fórum de Davos (na Suíça) que reúne banqueiros e representantes de governos de todo o mundo para pensar a continuidade do neoliberalismo.

Não há mudanças sob o capitalismo

Em todos esses anos, o Fórum reuniu intelectuais, ONGs, representantes da social-democracia de todos os matizes (incluindo o PT e governos europeus), que discutiram educadamente propostas de humanização do capitalismo. “Um outro mundo é possível” diz o lema oficial do Fórum, sem a necessidade de ruptura com o capitalismo, rejeitando qualquer alternativa revolucionária e socialista.

Aponta-se, de conteúdo, para a via eleitoral de reformas que poderiam “mudar o mundo”. O PT no Brasil era apresentado como a principal expressão desse “novo mundo possível” e o Fórum tinha sua sede em Porto Alegre, a vitrine internacional do PT, com o seu Orçamento Participativo.

Mas neste ano a crise chegou com força ao Fórum. O número de pessoas presentes não seguirá crescendo, como nos anos anteriores. Ao contrário, deve haver uma redução. Isso porque a idéia central do Fórum está em crise.

A prova da verdade com o governo Lula

Em janeiro, Lula já terá completado mais da metade de seu governo, sem que nenhum sinal de um “novo mundo” seja apresentado. Pelo contrário, continuam vigorando no país a fome, o império das multinacionais, a miséria e a corrupção. O Estado brasileiro não teve nenhuma democratização e o Orçamento Participativo foi deixado de lado pelo governo Lula. Muitos dos organizadores do Fórum, que participaram do governo, estão saindo desiludidos, como o empresário Oded Grajew. E, ainda por cima, O PT perdeu as eleições em Porto Alegre.

Será o primeiro Fórum sob uma prefeitura não-petista no país. Mais uma vez, comprova-se pelos fatos que chegar a um outro mundo não é possível por dentro do capitalismo.

O momento é para debater com clareza os alicerces do pensamento reformista que guiaram até hoje o FSM.

Post author Eduardo Almeida, da redação
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